17/02/2010

AS NOSSAS ROMÂNTICAS BALADAS DOS ANOS 70


Primeiramente, gostaria de perguntar se você lembra do Jackson Five. Eu imagino que sim, pois, com a morte de Michael Jackson na segunda metade de 2009, falou-se muito do grupo. Foi no Jackson Five que Michael inicou a carreira. E foi ouvindo I'll Be There que nós começamos a namorar. O Jackson foi muito popular entre o final dos anos 60 e início dos 70. Você gostava muito de Michael e não passava um dia sem ouvir suas músicas.
1970 foi o primeiro ano do resto de nossas vidas. Foi quando começamos a namorar e quando comemoramos, todos juntos, a conquista da Copa do Mundo do México. Que festa! Eu, você, o Arnaldo, a Angélica, todos os nossos amigos estavam juntos.
Mas não era só do Jackson Five que você gostava. Os Beatles também tinham lugar no seu coração, como tem em minha memória. Foi com você que ouvi pela primeira Let it Be e Something. Você decorou a letra de Let it Be só para me impressionar. Quando ouvimos que John, Paul, George e Ringo tinham se separado, ficamos chocados. Mas guardamos os LPs para ouvi-los sempre que desejássemos.
O romantismo sempre foi sua marca registrada. Embora nem tanto quanto hoje, você adorava trilhas sonoras de novelas. De tanto ouví-lo, deve ter produzido crateras no disco de Selva de Pedra, de 1972. Sua música predileta era Rock and Roll Lullaby, de B. J. Thomas. Lembra de B. J. Thomas? Não tenho idéia do nome do cara - nem o significado do B. J. -, mas recordo que, ainda em 1970, você não parava de ouvir Raindrop Keep Fallin'on my Head e Long Ago and Tomorrow.
Dançamos de rostinho colado com How Can Mend a Broken Heart, do Bee Gees, e Skyline Pigeon, de Elton John. Aliás, Elton e o Bee Gees lembram muito (e até demais) os nossos saudosos e irrecuperáveis anos 70. As músicas de Elton foram muito populares. Eu gostava de Daniel e você, de Island Girl. Quanto ao grupo Bee Gees, eu curtia How Deep is Your Love e você, de Love so Right. Juntos, ouvíamos How Can Mend a Broken Heart.
O que terá acontecido a Roberta Flack e Carole King? Em relação a Carole King, dizem que ainda faz shows por aí. Quanto a Roberta Flack, não faço a menor idéia que fim levou? Foi na vitrola de sua casa que ouvi pela primeira vez The Closer I Get to You, de Roberta e Donny Hathaway.
Sua coleção de discos era imensa. Tinha o Semideus, Corrida do Ouro, Anjo Mau, Pecado Capital, Locomotivas, O Casarão e, recordo muitíssimo bem, Duas Vidas. Certa vez, eu levei o LP com a trilha internacional de Duas Vidas para casa. Era um dos discos mais românticos de sua coleção. Se a memória não estiver falhando, uma das músicas era You're So Tender, de Christian. Lembra de quando nosso conhecido ídolo sertanejo cantava em inglês? Lembra, a propósito, dos brasileiros que cantavam na língua do Tio Sam? Eu sempre pensei que Morris Albert fosse inglês, escocês ou norte-americano. Jamais imaginei que fosse brasileiro! Isso nunca passou pela minha cabeça. Morris estourou nas paradas com Feelings e She's My Girl.
Voltando a falar de Duas Vidas, eu gostava principalmente de Tonight the Night, do Rod Stewart, e I Never Cry, de Alice Cooper. Você ficou horrorizada quando, anos mais tarde, descobriu que ele tinha uma banda de rock pauleira. Para você, para mim e todos que curtiam as baladas românticas dos anos 70, Alice será para sempre associado a sucessos como You Gonna See Me Now e a citada I Never Cry. Por sua vez, Rod Stewart manteve a fama de romântico por mais tempo. É longa a lista desse britânico de cabelos espetados e voz rouca: You're my Heart, Sailing e Tonight the Night.
Entre tantas bolachas com trilhas de novelas, você guardava um do Carpenters. O que aconteceu com o disco do Carpenters? Você gostava tanto dessa dupla romântica. Only Yesterday, I Need to Be in Love e Please Mr. Postman eram as suas favoritas. Isto é, pelo menos as que eu lembro.
Não dá para esquecer do Carpenters e muito menos de Billy Paul, Barry White, Commodores e Rita Coolidge. Foi no Commodores que emergiu Lionel Ritchie que, na década seguinte, fez sucesso em carreira solo. Still, Three Times Lady e Easy foram os grandes hits do Commodores. "Easy like sunday morning", cantava Lionel. Qual trilha tinha a música We're all Alone, da Rita Coolidge? Pecado Capital ou Pai Herói? Imagino que seja Pecado Capital, pois de Pai Herói lembro apenas de Mirrors, de Sally Oldfield, You Gonna See Me Now, de Alice Cooper, You Need Me, de Anne Murray, e Allouette, de Denise Emmer. Denise era filha de Janete Clair, lembra? Bons tempos aqueles.
Todos - ou quase todos - sabem quem era Alice Cooper. Imagino que até as novas gerações conheçam Rod Stewart. Mas, e quanto a Demis Roussos? Ele cantava a nossa inesquecível Forever and Ever. E Chris DeBurgh, e sua romântica Flying? Você dizia que sentia vontade de chorar sempre que ouvia Flying. E quanto a Jean-Claude Borelly? A sua grudenta (sei que você não vai concordar comigo) Dolannes Melody embalou o romance de muitos casais apaixonados. E Samantha Sing? Ou será Samanta Song? Não recordo direito. Sei apenas que ela fez um sucesso relativo com Emotion, cantada em parceria com o Bee Gees.
Eu lembrei: We're all Alone fazia realmente parte da trilha sonora de Pecado Capital. É provável que tenha sido tema do casal de protagonistas Márcio e Lili. Dreamin', do Liverpool Express, era do mesmo disco.
Será que alguém lembra de David Castle e seu sucesso You're too Far Away? E Babe, do Styx, alguém lembra?
Não era só de música internacional que vivia o romantismo da década de 70. Você, por exemplo, ouvia bastante música brasileira. Roberto Carlos era um dos seus prediletos. Detalhes, Como Vai Você, Força Estranha e O Portão tocavam sem parar em sua casa. Você adorava Mania de Você, da Rita Lee, A Lua e Eu, do Cassiano... O que aconteceu com o Cassiano? Será que está vivo? Faz tempo que não ouço falar dele. Você gostava também do Guilherme Arantes. Meu Mundo e Nada Mais é, até hoje, a minha música predileta. Você era fissurada em Tranquei a Vida, de Ronnie Von e, vez ou outra, dava para escutar Cláudia Telles.
Lembro que os anos 70 terminaram ao som de Kenny Rogers (She Believes in Me), Gino Vannelli (I Just Wanna Stop), Dionne Warwidk (I'll Never Love this Way Again), Air Suply (Lost in Love), Jimmy Buffet (Survive) e K. C. & Sunshine Banc (Please, Don't Go). Foi quando nos casamos. Você fez questão de que The Winner Take it All, dos suecos do ABBA, tocasse em nosso casamento. De resto, lembro apenas de You and I, de Paul Anka e Meirelle Mathieu. Foi nossa última música romântica. A última trilha foi Coração Alado. Depois, vieram a casa, o trabalho, os filhos e, ano a ano, o romantismo foi ficando para trás.
Mas eu guardei os discos e a lembrança. E toda vez que ouço Bee Gees em Mp3, lembro de nós dois dançando juntos, coladinhos, apaixonados.

2 comentários:

  1. Anônimo26/11/11

    Conheço todas estas musicas que vc citou inclusive tenho muitas delas em casa. Essas sim eram musicas de verdade e não o que se toca hoje!!

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  2. Anônimo26/9/12


    Oi, sem querer, você me fez chorar. Recordar essas músicas, dá um nó na alma. Porque é recordar o que não volta mais e que marcou tanto uma vida. A trilha de Pai Herói, conservo até hoje. Permita-me acrescentr Cherish, com David Cassidy e gaye, com Clifford T. Ward. Essas, marcantes demais para eu esquecer.

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