28/01/2010

SUZI QUATRO E AS MULHERES DO ROCK


Foi lançado nos Estados Unidos no início de 2010 o filme The Runnaways. Baseado na história da banda de mesmo nome, The Runnaways conta, de certa forma, a trajetória de sua líder, a roqueira Joan Jett.
Joan foi (e continua sendo) uma das mulheres de maior popularidade no cenário tipicamente masculino do rock’n’roll. Mas não foi a única, nem a primeira. As pioneiras surgiram juntamente com o rock. No entanto, foi Suzi Quatro a primeira a se aventurar no universo do rock pesado.
A baixista e cantora Suzi Quatro lançou Rolling Stone, seu primeiro single em 1972. No ano seguinte, Suzi lançaria seu hit de maior sucesso 48 Crash, música que levou muitos adolescentes a embarcar no mundo sem volta do rock pesado. Os jovens da época diziam que era uma música “quente” . Quem curtiu o rock dos anos 70 deve se lembrar de sucessos como Can the Can e If You Can Give me Love.
Suzi Quatro já era uma veterana quando Joan Jett iniciou a carreira. Liderada por Joan, o grupo The Runaways (traduzido literalmente como As Fugitivas), apareceu na segunda metade dos anos 1970. Tocava uma espécie de punk rock e teve outra roqueira famosa entre suas integrantes: Lita Ford. Infelizmente (ou, felizmente, dependendo do ponto de vista), o The Runnaways não durou muito, encerrando as atividades em 1979. Foi na mesma época em que o Led Zeppelin desaparecia do cenário musical.
Se Robert Plant e Jimmy Page continuaram em carreiras separadas, sem o Zeppelin, Joan Jett prosseguiu sem o The Runaways. Em 1980, ela fundou o The Blackhearts, sua nova banda. No início, as coisas não foram fáceis para Joan e o The Blackhearts. Eles bateram de porta em porta, sem conseguir contrato com nenhuma gravadora. Determinada, Joan mandou as gravadoras às favas e se tornou a primeira mulher a fundar a sua própria gravadora.
Em 1982, a banda Joan Jett and The Backhearts estreou a música I Love Rock’n’Roll, o seu maior hit. O sucesso de I Love Rock’n’Roll foi instâneo. Sua popularidade foi tamanha que, no Brasil, fez parte até de trilha sonora de novela da Rede Globo.
Lita Ford não ficou famosa somente pelas músicas que gravou, mas por seu envolvimento com alguns dos mais conhecidos roqueiros do cenário musical dos anos 80, como Chris Holmes (W.A.S.P.), Tomy Iommi (Black Sabath) e Nikki Sixx (Mötley Crue). Antes de ingressar na carreira solo, Lita participou da The Runnaways com Joan Jett. Seu maior sucesso foi I Close my Eyes Forever, de 1988.
É impossível falar do universo roqueiro sem citar Wendy O. Williams, a líder da banda punk Plasmatics. Mais conhecida no cenário underground, Wendy fazia jus ao estilo rebelde do punk. Usava roupas agresivas e penteado ao estilo moicano. Em 1985, foi indicada ao Grammy de melhor vocal feminino de rock. A banda Plasmatics durou 10 anos. Wendy morreu em 1998.
Surgido em 1978, o grupo Girlschool conseguiu fazer bonito na cena metaleira dos anos 1980. Formado por Kim McAuliffe, Denise Dufort, Kelly Johnson e Enid Williams, o Girlschool lançou seu primeiro disco no ano de 1980. Seu maior incentivador (e, de certa forma, padrinho) foi Lemmy Kilmister, do Motörhead (com quem gravaram o hit Please, Don’t Touch). Aliás, o Motörhead também deu uma força para as meninas do The Runaways. Os principais discos do Girlschool foram Hit the Run e Demolition.
A verdade é que as mulheres ultrapassaram os limites do hard rock, heavy metal e punk. Elas também apareceram com força e fizeram história no pop, grunge e outros estilos. Quem não recorda da banda Siouxssie & The Banshees e do grupo Hole (de Courtney Love, viúva de Kurt Cobain)? E quem não lembra dos conjuntos Bananarama, The Go-go’s e Spice Girl? Mesmo as bandas mistas contaram com grandes vocalistas femininas, a exemplo de Chrissie Hynde (The Pretenders), Annie Lennox (Eurythmics) e Martha Davis (The Motels). As cantoras de maior aceitação no período 80/90 pertenciam à cena pop, como Cindy Lauper, Tina Turner e a imbatível Madonna.
Em se tratanto de música brasileira, é sempre bom lembrar de Rita Lee. Rita começou com a banda Mutantes, partindo mais tarde para a carreira solo. O auge de sua carreira ocorreu na década de 1980. Na época, surgiram inúmeros grupos de pop e rock com forte presença feminina, a exemplo de Afrodite Se Quiser, Metrô (da bela vocalista Virginie), Sempre Livre, Blitz e Gang Noventa e as Absurdetes.
O maior nome do rock brasileiro da década seguinte, foi sem dúvida Cássia Eller. Mas, ela bem que merece um capítulo à parte no Modas e Manias.

18/01/2010

25 ANOS DE ROCK IN RIO


Os anos 80 serão lembrados como a década da new wave. Conjuntos musicais como The Pretenders, The Smiths e New Order estavam no auge do sucesso. Idem para os grupos Echo and the Bunnymen e The Cure. Quem viveu os anos 80 deve se lembrar das músicas Boys Don't Cry e In Between Days do The Cure. Mas não foi só a new wave que esteve "na crista da onda". A década de 80 também foi crucial para o heavy metal. Marcado por guitarras estridentes e baterias pesadas (ouçam Metal Church, do grupo de mesmo nome), o metal viveu dias de glória. Deff Leppard, Iron Maiden, Saxon, Kiss, Motörhead, Scorpions, Whitesnake, AC/DC e Van Halen - só para citar alguns grupos - levavam milhares de garotos e garotas a comprarem LPs aos montes na Galeria do Rock e na loja Woodstock Discos, em São Paulo. Mas havia quem preferisse o rock brasileiro. Nunca, em toda a história, o rock tupiniquim produziu tantos grupos e vendeu tantos discos. Alguns desses grupos (ou sobreviventes) continuaram na ativa por décadas, caso do Ira!, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Titãs e Kid Abelha. Mas, se perguntarmos o que marcou os anos 80 para alguém com mais de 35 anos, ele responderá: o Rock in Rio.
Realizado em janeiro de 1985, o Rock in Rio foi o maior festival de música até então ocorrido no Brasil. Foram 10 dias de shows, totalizando 90 horas de música. Entre atrações nacionais e internacionais, se apresentaram 29 cantores e grupos. O recorde de público foi no segundo (12/01), antepenúltimo (18/01) e penúltimo dia (19/01). Compareceram, em cada um desses dias 250 mil pessoas.
Como o próprio nome indica, o Rock in Rio ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, entre 11 e 20 de janeiro de 1985. Para abrigar o palco, tendas com lanchonetes e lojas e, obviamente, o espaço para o público, foi construída a chamada Cidade do Rock.
Os números do Rock in Rio impressionam até hoje. O público estimado dos 10 dias de shows foi de 1,30 milhão de pessoas. Foram consumidos 900 mil sanduíches, 500 mil fatias de pizza, 7,5 mil quilos de macarrão e mais de 1,5 mil litros de refrigerante. Dizem que, em um só dia, o McDonald's da Cidade do Rock vendeu quase 60 mil hamburgueres. Provavelmente por causa de toda essa comilança, foram usados 120 mil quilômetros de papel higiênico.
Os fãs de heavy metal foram o público mais representativo do Rock in Rio. Chamados de "metaleiros" pelos repórteres do Jornal Nacional e Fantástico, eles invadiram a Cidade do Rock para assistir as apresentações do Iron Maiden, Whitesnake, AC/DC, Scorpions e Ozzy Osbourne. Os shows mais memoráveis foram os da chamada "noite dos metaleiros", em 19 de janeiro. Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions e AC/DC se apresentaram na mesma ocasião, para a alegria dos metaleiros - que, na verdade, execravam o termo e se autodenominavam headbangers.
À princípio, alguns dos grupos convidados para tocar no Brasil, temeram pelo sucesso do festival. Mas a quantidade de nomes famosos era tamanha que os receios logo se dissiparam. O festival recebeu cobertura completa da imprensa daqui e do exterior. A repercussão foi estrondosa. Os shows foram transmitidos no final da noite pela Rede Globo.
A Cidade do Rock foi desmontada logo que terminou o festival. A chiadeira do então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e os problemas oriundos da desmontagem da Cidade foram alguns dos fatores que contribuíram para a demora para a realização do segundo Rock in Rio. Mas não tardou para que o Rio de Janeiro abrigasse a segunda edição do festival.
O Rock in Rio II ocorreu entre 18 e 26 de janeiro de 1991. Ocorreu no estádio do Maracanã, o que dispensou a montagem de uma segunda Cidade do Rock. A terceira versão do evento só aconteceria 10 anos depois, em 2001, dessa vez com uma nova "especialmente" montada para os shows.
Idealizado pelo empresário Roberto Medina, o Rock in Rio ganhou inúmeras versões ao longo da primeira década dos anos 2000, quase todas no exterior. Foram três em Portugal e uma na Espanha. Prevê-se mais duas edições do festival em terras portuguesas e espanholas em 2010. Atualmente corre o boato de uma nova edição brasileira em 2011, a pedido da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.
Para lembrar os 25 anos do primeiro Rock in Rio, segue a lista dos cantores e grupos que se apresentaram nos 10 dias do evento:

Primeiro dia (11/01/85) - Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso, Whitesnake, Iron Maiden e Queen.

Segundo dia (12/01/85) - George Benson, Al Jarreau, James Taylor, Gilberto Gil, Ivan Lins e Elba Ramalho.

Terceiro dia (13/01/85) - Os Paralamas do Sucesso, Blitz, Lulu Santos, Nina Hagen, The Go-go's e Rod Stewart.

Quarto dia (14/01/85) - Alceu Valença, Moraes Moreira, George Benson e James Taylor.

Quinto dia (15/01/85) - Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens, Barão Vermelho, Eduardo Dusek, Scorpions e AC/DC.

Sexto dia (16/01/85) - Rod Stewart, Ozzy Osbourne, Rita Lee, Moraes Moreira e Os Paralamas do Sucesso.

Sétimo dia (17/01/85) - Alceu Valença, Elba Ramalho, Yes e Al Jarreau.

Oitavo dia (18/01/85) - Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Lulu Santos, Eduardo Dusek, The Go-go's, The B-52's e Queen.

Nono dia (19/01/85) - Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Whitesnake, Ozzy Osbourne, A/DC e Scorpions.

Décimo dia (20/01/85) - Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Barão Vermelho, Blitz, Nina Hagen, The B-52's e Yes.