06/11/2009

1990: PAULO COELHO ESTÁ EM TODAS


Faz tempo que o escritor Paulo Coelho é conhecido do grande público. Antes de se tornar best-seller ele era conhecido como compositor, chegando a criar diversas músicas em parceria com Raul Seixas. Foi entre a segunda metade dos anos 80 e início dos 90 que Paulo “estourou” como escritor. Em 1990, mantinha três livros na lista dos mais vendidos: Diário de um Mago, O Alquimista e Brida.
O sucesso de Brida foi tamanho que, mais tarde, ele foi adaptado para a TV. Entre 1992 e 2008, Paulo escreveu diversos livros, entre os quais As Valkírias, Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei, O Monte Cinco, Veronica Decide Morrer, O Demônio e Srta. Prym, Onze Minutos, O Zahir, A Bruxa de Portobello, Ser Como o Rio Que Flui e O Vencedor está Só. Todos, sem exceção, foram campeões de vendas. Mas, o ano de 1990 foi especial para Paulo Coelho.
Um dos campeões de vendas de 1990 foi Lembranças da Meia-noite, de Sidney Sheldon. Podemos dizer que é uma espécie de continuação do best-seller O Outro Lado da Meia-noite. Outro escritor que disputou o topo das vendas com Paulo Coelho em 1990 foi Rubem Fonseca, com seu clássico Agosto. Ruy Castro invadiu a raia com Chega de Saudade. O italiano Umberto Eco apareceu com O Pêndulo de Foucault e Ricardo Semler com Virando a Própria Mesa. Curiosamente, um dos grandes vencedores (e que virou febre!) de 90 foi o infantil Onde Está Wally?.
Em Onde está Wally?, a garotada tinha que encontrar o personagem escondido entre diversas multidões. Era difícil, mas todos conseguiam encontrá-lo. O livro do magrelo de óculos, gorro e malha listrada foi uma das manias de 1990, juntamente com as molas coloridas da Muzzi e os bonecos peludos esquisitos da Grow. Eram chamados de Fluffs. Alguém lembra?
O vídeocassete de quatro cabeças da Panasonic foi a grande vedete do lar em 1990. Era caro, mas boa parte da população dava um jeito de trazê-lo do Paraguai. Ou mesmo de Miami! O Panasonic de quatro cabeças dividia espaço com os “três em um” de marcas como Philco-Hitachi, Philips, Toshiba e Gradiente. Os aparelhos de som da Cygnys também tinham boa saída das lojas.
Tudo indica que Paulo Coelho possuia um Sterilair em casa. Fabricado pela Yashica, o Sterilair prometia umidificar o ar e matar micro-bichos asquerosos como o ácaro. Se Coelho não tinha, o resto do Brasil tinha, O Sterilair foi o único aparelho anti-ácaro a virar mania entre os brasileiros.
O Kitchen Machine foi a grande estrela da cozinha. Qual dona de casa não gostaria de ter um desses em casa? Ele fazia milagres. O problema é que dava trabalho para lavar. E que trabalheira!
Paulo tinha uma filmadora Samsung? Talvez sim, talvez não. O fato é que muitos brasileiros queriam uma filmadora VHS para gravar festas de família e, em seguida, assistí-las no Panasonic quatro cabeças. Ela podia ser comprada nas lojas de departamentos que ainda estavam em alta nesse tempo. Mappim, Mesbla e Sears eram algumas dessa lojas.
Os homens usavam perfumes como o Quasar, do Boticário. Sapatos e sapatilhas Sândalo estavam nos pés de muitos marmanjos. Os cintos Fasolo era considerados chiques por alguns. Adidas, Puma e M2000 figuravam entre as marcas de tênis prediletas. Jeans? A grife Wrangler era uma das mais desejadas. As calças jeans com estampas verticais nas laterais virou moda entre adolescentes e moças.
Fernando Collor de Mello assumiu a presidência do Brasil em 15 de Março de 1990. No mesmo ano, o Iraque invadiu o Kwait, deflagrando a Guerra do Golfo. O regime de segregação racial da África do Sul agonizava. Nelson Mandela, simbolo da luta dos negros contra o Apartheid foi libertado depois de 28 anos de prisão. O mundo comemorava o primeiro ano da queda do Muro de Berlim.
Os personagens do ano foram Fernando Collor de Mello, ministra Zélia Cardoso de Mello (que confiscou a poupança de quase metade dos brasileiros!!), Luma de Oliveira (que estampou a capa da revista Playboy), Madonna e Paulo Coelho.
Por falar em Madonna, ela foi uma das grandes estrelas de 1990. Blonde Ambition, título de sua turnê, rodou os palcos do mundo. Nós ouvíamos Leandro e Leonardo (Desculpe, mas eu vou chorar), Chitãozinho e Xororó (Nuvem de Lágrimas e Evidências) e Bon Jovi (I’ll be There For You). A lambada, que fora o principal modismo dos últimos tempos, agonizava. A house, um estilo de música eletrônica, continuou fazendo a cabeça da moçada de 1990.
No cinema, destaque para Nascido em 4 de Julho, Meu Pé Esquerdo (que garantiu o Oscar para Daniel Day-Lewis), Sociedade dos Poetas Mortos, Uma Linda Mulher, Ghost – Do Outro Lado da Vida e Esqueceram de Mim. Difícil apostar qual filme fez mais sucesso. Sociedade dos Poetas Mortos teve boa saída nas locadoras de vídeo. Uma Linda Mulher “bombou” nos cinemas e na TV. Ghost arrancou lágrimas em todos os países onde foi exibido. Quanto a Esqueceram de Mim, foi reprisado diversas vezes na TV ao longo dos anos seguintes.
Praticamente não havia telefonia celular no início dos anos 90. Ligar da rua, só se fosse de orelhão com ficha. O sujeito era obrigado a estacionar seu Lada recém-importado (a Lada foi uma das primeiras marcas estrangeiras a chegar por aqui) na rua e correr para o orelhão mais próximo. Marcava o encontro com a namorada para antes ou depois da novela Pantanal. Perder Pantanal? De jeito algum. Podia perder Rainha da Sucata, da Globo, menos Pantanal, que era exibida pela extinta TV Manchete.
Enfim, 1990 foi o ano de Paulo Coelho, mas também foi de Madonna, Fernando Collor de Mello, Beto Barbosa (o rei da lambada), Nelson Mandela, Leandro e Leonardo, Juma Marruá… Juma o quê? Juma era a personagem principal de Pantanal, interpretada pela atriz Cristiana Oliveira. Juma era apaixonada por Jove (Marcos Winter), filho rejeitado de José Leôncio… Mas aí são outros quinhentos.

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