O soteropolitano Dias Gomes foi autor de
novelas escreveu algumas das novelas mais inesquecíveis da TV brasileira, entre
as quais O Bem-Amado, Roque Santeiro (primeira versão) e Saramandaia.
A principal característica de suas novelas
era o realismo fantástico. Saramandaia tinha um personagem que possuía asas,
outro com um formigueiro no nariz, outro que ateava fogo nos objetos próximos
quando ficava excitado...
Uma das novelas de maior sucesso de Dias
Gomes foi O Bem-Amado. Baseada na peça de teatro Odorico, O Bem-Amado, a
produção levada ao ar pela Rede Globo tinha um elenco de estrelas: Paulo
Gracindo, Ida Gomes, Jardel Filho, Lima Duarte, Sandra Bréa, Ruth de Souza,
Emiliano Queiroz, Zilka Salaberry...
O Bem-Amado era uma crítica sutil ao
regime militar e aos coronéis que mandavam e desmandavam no Nordeste de
outrora. Contava a história de Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), prefeito da
fictícia cidade de Sucupira. Um dos maiores objetivos de Odorico era inaugurar
o cemitério local. Só havia um problema: ninguém morria naquela cidade.
Disposto a arranjar um defunto e inaugurar a sua obra, Odorico contrata Zeca
Diabo (Lima Duarte), um matador muito temido na região. Mas Zeca volta para
Sucupira determinado a se tornar um homem bom e levar uma vida comum. Contrariado,
Odorico faz de tudo para arranjar um morto, inclusive alimentar confrontos
entre famílias rivais, promover emboscadas de policiais contra Zé Diabo e
importar pessoas desenganadas para que morram em Sucupira. Nada, porém, dá
certo. As coisas mudam quando Zeca Diabo descobre que foi Odorico quem armou
uma emboscada contra ele e o mata com três tiros. O próprio Odorico Paraguaçu
torna–se o primeiro defunto do novo cemitério de Sucupira.
Com personagens inesquecíveis, O Bem-Amado
cativou a audiência dos finais de noite da Globo. Quem nunca ouviu falar nas
irmãs Cajazeiras, aliadas políticas de Odorico? E quem nunca se divertiu com os
trejeitos de Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), secretário do prefeito?
O Bem-Amado foi a primeira telenovela em
cores da televisão brasileira. Foi também a primeira exportada, abrindo o
mercado estrangeiro para produções nacionais. Seu imenso sucesso inspirou a
Globo a lançar uma série com os mesmos atores, no início dos anos 1980 (com
algumas mudanças, como Yara Cortes no lugar de Zilka Salaberry, que nesse época
interpretava Dona Benta na novelinha O Sítio do Pica-pau Amarelo).
O Bem-Amado foi reprisada outras duas
vezes, uma em 1977 e outra em 1980. Nos anos 2010, foi adaptada para o cinema,
com Marco Nanini no papel de Odorico.
Odorico Paraguaçu transformou-se num dos
personagens mais inesquecíveis da história da televisão brasileira. Zeca Diabo
foi um dos personagens que marcaram a carreira de Lima Duarte. Já Dirceu
Borboleta voltou outras duas vezes na pele de Emiliano Queiroz, uma delas na
Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anysio.
Imagem acima: trilha sonora internacional
de O Bem-Amado.
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