A TV Cultura transmitiu diversos programas
de auditório ao longo da sua história. Grande parte era, vale lembrar, dirigido
ao público jovem, como a gincana Quem Sabe, Sabe e o musical Fábrica do Som.
Apresentado pelo roteirista, produtor e
diretor Tadeu Jungle, o Fábrica do Som tinha esse nome porque era gravado no
SESC Pompeia, na região oeste de São Paulo. Ele foi construído em local onde
funcionava uma fábrica. O programa foi exibido entre março de 1983 e junho de
1984.
A diferença entre o Fábrica do Som e outros
programas destinados aos jovens, como o Som Pop, era que o primeiro revelava
novos talentos do rock brasileiro. Eles normalmente se apresentavam com bandas
consagradas. Entre esses novos talentos estavam Titãs, Barão Vermelho, Ira!,
Capital Inicial, Os Paralamas do Sucesso e Cólera.
O detalhe é que o Fábrica do Som foi
transmitido durante o fim da ditadura militar. Havia uma certa liberdade
política para os jovens opinarem sobre assuntos de interesse nacional, o que
era terminantemente proibido apenas 10 anos antes. O maior inimigo do programa
estava dentro da própria TV Cultura. Era o presidente da Fundação Padre
Anchieta, Renato Ferrari, um crítico ferrenho daquela liberdade toda (a bem
dizer, ele tinha simpatia pela extrema direita).
Podemos dizer que o Fábrica do Som ajudou
a divulgar o rock dos anos 80, o que faz dele um dos programas mais importantes
daquele período. Pena que tenha sido esquecido.
O Fábrica do Som saiu do ar em grande
parte em virtude das pressões políticas do presidente da Fundação Padre
Anchieta. A Cultura só voltaria a apresentar algo semelhante no final dos anos
90, quando estreou o Musikaos, apresentado pelo ex-VJ Gastão Moreira.
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