15/07/2018

UMA ATRIZ QUE MARCOU A HISTÓRIA DA DRAMATURGIA: DINA SFAT



Selva de Pedra. Gabriela. Saramandaia. Os Gigantes. Essas são apenas algumas das novelas nas quais atuou a saudosa atriz Dina Sfat. Se você tem mais de 30 anos, certamente deve se lembrar dela.
Descendente de judeus poloneses, Dina Kutner de Souza nasceu na cidade de São Paulo, em 1938. Durante os anos 1960, adotou o sobrenome Sfat em homenagem à cidade natal de sua mãe.
Seu interesse pelo teatro surgiu quando trabalhava no Centro Acadêmico de Engenharia da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Seu primeiro trabalho nos palcos foi na peça Os Fuzis da Senhora Carrar, de Bertold Brechet. O detalhe é que ainda durante os anos 60, trabalhou com dois  importantes grupos de teatro: o Teatro Oficina e o Teatro de Arena de São Paulo. Neste último, atuou na peça Arena Conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri. Foi no Arena que conheceu o diretor Paulo José, com quem se casou pouco tempo depois.
Seu primeiro trabalho na televisão foi na novela Ciúmes, transmitida pela TV Tupi, em 1966. Atuou também em produções da TV Excelsior e TV Record. Seu primeiro trabalho na Globo foi na novela Assim na Terra como no Céu, de 1970, mas chamou mesmo a atenção pelo desempenho em Selva de Pedra, de 1972. Passou a fazer parte do casting principal da emissora, atuando ao lado de atores como Francisco Cuoco, Tarcísio Meira, José Wilker e Juca de Oliveira, entre outros. Participou das inesquecíveis Os Ossos do Barão, Fogo Sobre Terra, Gabriela, Saramandaia, O Astro, Os Gigantes, Eu Prometo e Bebê a Bordo.
Dina também foi uma importante atriz de cinema, atuando em filmes de diretores como Ruy Guerra, Bruno Barreto e Joaquim Pedro de Andrade. Sua participação em minisséries famosas conferiram-lhe também o reconhecimento como uma das maiores atrizes dos anos 70 e 80.
Dina descobriu um câncer de mama em 1985, contra o qual lutou durante anos. Apesar da doença, nunca deixou de trabalhar. Chegou a gravar um documentário sobre a União Soviética na época da abertura da perestroika. Escreveu um livro sobre sua luta contra a doença e ainda fez novela: Bebê a Bordo, seu último trabalho na TV.
Dina Sfat faleceu em 20 de maio de 1989. Deixou três filhas – Clara Kutner, Ana Kutner e Bel Kutner –, frutos do casamento de 17 anos com Paulo José. Ana e Bel seguiram a carreira da mãe como atrizes.
Passados praticamente 30 anos de sua morte, ela ainda deixa saudades entre os fãs e todos que admiravam seu trabalho. Se estivesse viva, estaria com toda certeza atuando entre as principais estrelas da Globo. Estaria brilhando aqui na Terra. Sempre brilhando.

Imagem acima: capa da revista Amiga, com Dina Sfat e seu esposo Paulo José

13/07/2018

07 CAPAS PARA VOCÊ LEMBRAR DA ANTIGA REVISTA ILUSÃO



Tentamos fazer uma pesquisa abrangente sobre a revista Ilusão, mas, devido à falta de dados no mundo virtual e dificuldades de acesso aos acervos antigos da publicação, não obtivemos muito sucesso. O que podemos afirmar é que a Ilusão foi publicada pela Editora Abril e tinha como principais concorrentes nas bancas as revistas Contigo! (que, curiosamente, também era da Abril), Sétimo Céu, Grande Hotel e Amiga. Além de notícias sobre os bastidores das telenovelas e fofocas sobre artistas, a Ilusão sempre vinha com uma fotonovela nas últimas páginas. Pôsteres de página dupla de artistas também eram bastante comuns. Veja abaixo algumas capas de Ilusão, com referências a novelas de grande sucesso como Escrava Isaura e Pai Herói.








10/07/2018

TRIBALISTAS, O DISCO QUE RESGATOU A MPB TRADICIONAL



Tribalistas é um trio formado por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes no início dos anos 2000. Com um foco voltado para a MPB tradicional, eles lançaram o primeiro álbum em 2002, com grande aceitação popular.
Com uma capa no estilo “Vik Muniz” (a imagem dos três músicos parece ter sido feita com calda de chocolate), Tribalistas obteve excelente desempenho comercial também no exterior. A música de maior sucesso foi Velha Infância. Mas porque resolvemos mencioná-lo entre os álbuns essenciais do Modas e Manias?
Tribalistas é um álbum essencial por diversos motivos: resgatou a MPB tradicional em meio à onda dominante do sertanejo, marcou o início dos anos 2000 com suas músicas, e, por último, trata-se de um disco de qualidade excelente.
Entre as músicas mais tocadas de Tribalistas, vale lembrar de Velha Infância, É Você, Passe em Casa e Já Sei Namorar. Temos que lembrar que Velha Infância foi uma das músicas mais tocadas no começo da década de 2000. Já Sei Namorar teve um excelente desempenho nos programas de videoclipes, ficando entre as mais solicitadas da antiga MTV.
Temos que lembrar que Tribalistas causou um impacto extremamente positivo entre a crítica especializada, sendo indicado para diversos prêmios. Chegou a ganhar o prêmio da APCA/Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor CD de 2002. No ano seguinte, faturou o Prêmio Multishow de melhor DVD e melhor música.
Com 13 faixas, a maioria de cerca de 3 minutos, Tribalistas entrou para a história da MPB, ao lado de discos “clássicos” como Construção, de Chico Buarque; Chega de Saudade, de João Gilberto; e Acabou Chorare, dos Novos Baianos. Se você gosta de música agradável, não pense duas vezes antes de comprá-lo. Vale a pena.

08/07/2018

POR ONDE ANDA HERMES AQUINO, INTÉRPRETE DE NUVEM PASSAGEIRA?


 
O maior hit do compositor e cantor Hermes Aquino foi Nuvem Passageira, lançada em 1976 e tema da novela O Casarão. Foi uma das músicas brasileiras mais tocadas nas rádios da época. Em virtude dela, Aquino chegou a participar do Globo de Ouro, um programa onde se apresentavam cantores populares como Peninha, Roberto Leal e outros. Mas quem era Hermes Aquino?
Nascido na cidade de Rio Grande, o gaúcho Hermes Aquino tornou-se primeiramente conhecido como compositor. Escreveu músicas para os festivais da canção do período, interpretadas tanto na voz de outros cantores como em sua própria voz. Seu primeiro sucesso como intérprete foi a música Flash, com a qual participou do IV Festival Internacional da Canção.
Curiosamente, Aquino só conseguiu gravar seu primeiro Lp, Desencontro de Primavera, em 1976, pela Tapecar. Cerca de um ano depois, saiu Santa Maria, seu segundo vinil. Mas Aquino se desentendeu com a gravadora e voltou para sua terra natal, onde vive até hoje. Tornou-se compositor de jingles e programador musical de uma rádio de Porto Alegre.
Em 2014, Desencontro de Primavera e Santa Maria foram relançados pelo selo Discobertas.
Como compositor, Hermes Aquino influenciou bandas do porte do Engenheiros do Havaí e Karnak, além dos músicos Kleiton e Kledir. Ele continua trabalhando a todo vapor, compondo jingues e escrevendo artigos para a imprensa local. Suas músicas são tocadas com frequência numa rádio na internet, que, curiosamente possui até uma versão em inglês de Nuvem Passageira.

04/07/2018

A VIDA E A MORTE DE RITCHIE VALENS NA CINEBIOGRAFIA LA BAMBA


 
Os músicos Buddy Holly, The Big Bopper e Ritchie Valens morreram no mesmo acidente de avião, no interior do estado norte-americano de Iowa. Estavam na aeronave pilotada por Holly, que caiu cinco minutos depois em virtude de uma forte nevasca. No local, foi erguido um memorial em homenagem aos três músicos.
Com apenas 17 anos, Ritchie Valens era o mais jovens dos três músicos. Estava no auge da carreira, principalmente em virtude das baladas que misturavam rock com música latina – e sobretudo por causa da canção La Bamba, seu maior sucesso. Foi descoberto pelo presidente de uma gravadora, que assistiu a uma das suas apresentações nos arredores de Los Angeles.
A vida e a trágica morte de Ritchie Valens é tema do filme La Bamba, um grande sucesso dos anos 80. Dirigido por Luiz Valdez, ele ressuscitou o interesse pelos sucessos do cantor. La Bamba, a música que dá nome ao filme, passou a ser tocada com frequência em festas e em casas noturnas. Foi um verdadeiro estouro.
Ritchie Valens foi interpretado pelo ator norte-americano Lou Diamond Phillips e Donna Ludwig, por Danielle von Zerneck. O detalhe é que La Bamba foi o maior sucesso da carreira de Phillips, que continuou fazendo séries e filmes para a TV durante algum tempo, até sair definitivamente de cena (pouco se falou dele ultimamente).
A história de Buddy Holly também foi contada nos cinemas, mas não obteve o mesmo impacto de La Bamba, cuja trilha sonora vendeu bastante na época em que foi lançada. Um lembrete: a música tema foi interpretada pelo grupo Los Lobos.
La Bamba marcou a adolescência de muitos brasileiros, e é possível que tenha marcado a sua também.

02/07/2018

O AMBIENTE POLÍTICO DOS ANOS 70 E A EMANCIPAÇÃO FEMININA EM MALU MULHER



Entre os seriados nacionais produzidos pela Globo no final dos anos 1970, dois entraram para a história da dramaturgia brasileira: Carga Pesada e Malu Mulher. O primeiro dispensa apresentações, quanto ao segundo, nós temos que falar um bocado sobre ele.
Malu Mulher estreou em 24 de maio de 1979 e teve o último episódio exibido em 22 de dezembro de 1980. Foram duas temporadas com 76 episódios. O detalhe é que foi exibido nos finais de noite da emissora. Foi exportado para dezenas de países, conquistando excelente índices de audiência em alguns. Mesmo quando deixou de exibi-lo no Brasil, a Globo continuou oferecendo a história de Maria Lúcia/Malu para emissoras estrangeiras.
Temos que lembrar que a história girava em torno do tema do divórcio, bastante discutido na época. A nova Lei do Divórcio tinha sido discutida à exaustão no Congresso, sofrendo forte oposição da Igreja Católica.
Malu (Regina Duarte) era uma mulher casada que, não suportando as diferenças e as brigas constantes com o marido (Dênis Carvalho), resolve se separar e começar a vida praticamente do zero com a filha Elisa (Narjara Turetta). As dificuldades para efetivar a separação, os conflitos com o agora ex-marido e os problemas financeiros atormentavam Malu.
Malu Mulher tinha como tema de abertura a música Começar de Novo, interpretado pela cantora Simone. Foi idealizado por Daniel Filho e roteirizado por Armando Costa, Euclydes Marinho, Doc Comparato, Manoel Carlos e outros. Contava com um elenco de peso, que incluía, além de Regina Duarte, Dênis Carvalho e Narjara Turetta, atores como Antônio Petrin, Natália do Valle, Elza Gomes, Wanda Lacerda e Ricardo Petraglia.
O sucesso de Malu Mulher foi estrondoso, apesar de todos os apesares. Tanto a crítica quanto o público se apaixonaram pela série. Ela só na agradou a alguns grupos religiosos – como a própria Igreja Católica, como vimos acima – e aos censores do regime militar.
O que também agradou em cheio foi a trilha sonora, apenas com intérprete femininas: Simone, Maria Bethânia, Zezé Motta, Maysa, Joanna, Fafá de Belém, Rita Lee, Elis Regina...
O primeiro episódio de Malu Mulher foi reprisado em junho de 1985, como parte das comemorações pelos 20 anos da Rede Globo. Aparentemente, não teve o impacto inicial. Dez anos depois, voltou a ser reprisado dentro do Festiva 30 anos. Mas se fosse reexibido hoje, ajudaria a entender o ambiente político da década de 70, que incluía a censura, a abertura política e o divórcio.