16/11/2009
1975: SÔNIA CRAVO E CANELA
Antes de se tornar conhecida como Gabriela, Sônia Braga participou de alguns episódios de Caso Especial e novelas da Globo. Foram Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Fogo Sobre Terra. Sônia também trabalhou no infantil Vila Sésamo, exibido nos anos 1970 pela Globo e TV Cultura de São Paulo.
Em 1976, Sônia participou da novela Saramandaia e do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos. Mais tarde, estouraria nas bilheterias com o filme A Dama do Lotação e nas telinhas com o folhetim Dancin’Days. No início dos anos 80, Sônia voltou a interpretar a personagem Gabriela, só que dessa vez no cinema. O personagem Nacib foi interpretado pelo ator italiano Marcello Mastroiani.
Tanto a Gabriela da novela quanto a do cinema impulsionaram a carreira internacional da paranaense Sônia Braga. Mas o filme que projetou Sônia em Hollywood foi o Beijo da Mulher Aranha, de 1985. Mas o ano de Sônia Braga foi, no entanto, 1975.
O sucesso da novela Gabriela fez com que Sônia fosse recebida em carro aberto em Portugal. O sucesso fez meio Brasil cantar a música Modinha para Gabriela, de Dorival Caymmi - interpretada por Gal Costa. O sucesso fez com que Sônia fosse convocada para ser Dona Flor e a Dama do Lotação. Sônia Braga foi o maior símbolo sexual brasileiro da segunda metade dos anos 70.
Gabriela, digo, Sônia Braga foi um das personalidades mais influentes de 1975. Seu nome aparecia com frequência em revistas como Veja, Manchete, Contigo, Amiga e Sétimo Céu. Outras personalidades que estiveram na boca do povo em 1975 foram o piloto Emerson Fittipaldi, o atleta João do Pulo (que bateu o recorde mundial do salto triplo) e o humorista Chico Anysio. Por sinal, Chico só não fez mais sucesso por que não era mulher, nem era bonito como Sônia Braga. Mas quem fazia o Brasil rir no teatro e na televisão era ele e somente ele. O personagem Azambuja alcançou tamanha popularidade que ganhou séria própria. Os brasileiros viam Chico Anysio três vezes por semana. Ele interpretava diversos personagens no programa Chico City. Quem não lembra das esquetes e quadros de personagens como o velho Popó, o pai de santo Zuza, do coronel Pantaleão e do “astro” Alberto Roberto?
Foram ao ar na mesma época de Gabriela as novelas Pecado Capital e Escalada. A Globo passou a apresentar uma série de novelas baseadas em clássicos da literatura. A primeira (que teve pouquíssimos capítulos) foi Helena, seguida de Senhora e A Moreninha. Além de se contorcer de rir com Chico Anísio, os brasileiros se divertiam com a primeira versão de A Grande Família (que era exibida pela Globo) e com o programa Alegríssimo (da TV Tupi). Os domingos eram do apresentador Silvio Santos.
É provável que a nova geração não saiba, mas Silvio Santos foi o principal apresentador dominical da Rede Globo nos anos 70! Poucos brasileiros sabiam quem era o repórter de rádio Fausto Silva. Outra curiosidade: Roque e Lombardi já trabalhavam com Silvio em 1975. Silvio Santos costumava promover suas próprias empresas e produtos (Baú da Felicidade, Lojas Tamakavy e Vimave ) em seu programa.
O Brasil ainda convivia com o fantasma da falta de petróleo em 1975. A época do milagre econômico estava chegando ao fim e o povo começava a reclamar da carestia. A epidemia de meningite assustou as autoridades, que promoveram vacinações em massa em São Paulo. A Guanabara fundiu-se ao Rio de Janeiro. A Guerra do Vietnã (que foi, para muitos norte-americanos, um desastre) finalmente chegava ao fim. Nasciam países independentes, quase todos de língua portuguesa: Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
Muitos paulistanos devem ter comprado aparelhos de TV Colorado na loja de departamentos Mappim, com endereço na Praça Ramos de Azevedo. Fazia pouco tempo que a cor tinha aportado na telinha e o sonho de boa parte dos brasileiros era ter um televisor colorido. Marcas como Telefunken chamavam a atenção para os aparelhos à cores em seus anúncios publicitários.
Os filmes “tipo catástrofe” estavam em alta. Robert Altman tinha acabado de lançar o clássico Nashville, filme ignorado pelas massas. O que elas queriam era assistir Aeroporto, Terremoto e Inferno na Torre. Também se interessaram por Tubarão, produção dirigida por um cineasta não muito conhecido por aqui: Steven Spielberg. E cinema de verdade era o cinema de rua. Os cinemas de shoppings surgiram anos depois.
Lançado em 1974, o LP Gita, de Raul Seixas vendeu horrores ao longo do ano seguinte. Aliás, Gita foi um dos principais hits do verão 74/75. Outro cantor que deu muito o que falar foi um tal de Mauro Celso. A canção Farofa-fa estourou nas paradas e inspirou torcidas como a do Flamengo, que não cansava de repetir: Flaro-Fla-Fla. As músicas internacionais mais ouvidas foram Flying (com Chris DeBurgh) e Feelings (de Morris Albert). Composta pelo brasileiro Maurício Alberto Kaisermann – ou simplesmente Morris Albert - Feelings fez sucesso em dezenas de países. A ele seguiram-se She’s my Girl e Conversation.
Fernão Capelo Gaivota (de autoria de Richard Bach), O Exorcista (de W. P. Blatty), O Machão (Harold Robbins), Arlequim (Morris West), Cães de Guerra (Frederic Forsyth), Teje Preso (Chico Anysio) e Calabar (Chico Buarque) foram os livros de maior saída das livrarias. A Gabriela de Sônia Braga reavivou o interesse pela obra de Jorge Amado. Tanto que Gabriela Cravo e Canela foi um dos livros mais vendidos na época em que a novela esteve no ar.
Depois do sucesso de O Beijo da Mulher-aranha, Sônia Braga radicou-se nos Estados Unidos, onde participou de vários filmes e séries de TV. Participou de Luar Sobre Parador, Rebelião em Milagro, Rookie, Morte Dupla e Um Drink no Inferno. Regressou ao Brasil cerca de 20 depois, quando fez duas pequenas participacões na novelas Páginas da Vida e Força de um Desejo. Recentemente (no ano de 2007), participou de uma versão brasileira de Desperate Housewives.
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