02/12/2009
1978, O ANO DA DISCO MUSIC
Demorou, mas Lucília conseguiu. Finalmente a decoração de Natal da residência dos Arantes estava pronta. Faltava comprar os presentes, principalmente os das crianças, do marido e dos pais. Isabel queria a boneca Pepa, que estava em falta no mercado. Cristina desejava uma colônia da Avon e um par de meias de luréx. Mas, o presente mais fácil seria o de Jorginho: o disco com a trilha sonora internacional da novela Dancin’ Days. Com 13 anos recém-completados, Jorge agora era um adolescente. Ao invés de brinquedos, desejava roupas de presente. Mas, entre uma camisa US Top e o LP de Dancin’ Day, dessa vez ele optou pelo último.
Lucília estava determinada a comprar o LP, mesmo se Jorginho não pedisse. As novelas O Astro e Dancin’Days foram os maiores sucessos de 1978, principalmente esta última. Com Dancin’ Days, Gilberto Braga surfava na onda da discoteca.
Lucília tinha dúvida se as discotecas vieram para ficar ou eram apenas uma moda passageira. O fato é que todos queriam surfar na mesma onda de Gilberto Braga, autor da novela. Até onde lembrava, ela “arrebentou” com o filme Os Embalos de Sábado à Noite, com John Travolta. Aliás, todo garoto queria ser ou ter um pouco de John Travolta. Até Jorginho arriscara alguns passos parecidos com os de Travolta. Ao som de Bee Gees, é claro.
Pensando bem, John Travolta era um gato. E dançava como ninguém. Lucília não acreditava que era o mesmo ator daquele filme do garoto que vivia em uma bolha de plástico. Como era mesmo o nome do filme? O Menino da Bolha de Plástico? Podia ser.
O filme de maior sucesso de 1978 foi a Dama do Lotação, com ninguém menos que Sônia Braga. Lucília não entendia como um filme daqueles podia fazer tanto sucesso. Tudo bem que Sônia Braga era uma grande atriz, mas o filme não era lá essas coisas, não. Ela gostou mesmo foi de Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Esse, sim, é que era filme bacana. Além de A Dama do Lotação e Contatos Imediatos, Lucília e o marido assistiram Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (com Reginaldo Faria, que atuava em Dancin’ Days com Sônia Braga) e Noivo Neurórica, Noiva Nervosa. Todos falavam de Guerra nas Estrelas, mas não era possível que fosse tão bom assim. Guerra nas Estrelas tinha cara de filme para adolescente. E se havia uma coisa que Lucília detestava era muito barulho, explosão, “pá-pum”, essas coisa todas… a vontade era de sair do cinema no meio da sessão.
Lucília ainda estava em dúvida sobre qual presente pediria ao marido. Cristina também prometeu um presente. Nesse caso, pediria dois livros. Ela estava louca para ler O Navegante, de Morris West. Mas, pensando bem, Ninguém é uma Ilha e Ainda Resta Uma Esperança, ambos de J. M. Simmel, pareciam interessantes. Tinha também Raízes, do Alex Haley! Como conhecia a minissérie baseada no épico de Haley, Lucília tinha interesse em ler o livro.
Estava decidido: pediria Raízes para o marido e o LP de Os Embalos de Sábado à Noite para Cristina. Lucília adorava a trilha do filme do Travolta, principalmente por causa do Bee Gees. Eles eram demais! Suas músicas prediletas eram Night Fever e Stayn’ Alive.
Bem que o réveillon dos Arantes podia ter Bee Gees como trilha. Melhor: Lucília pegaria alguns discos emprestados da Odete, sua vizinha e faria uma discoteca em casa. Odete tinha vários discos da K-Tel, quase todos com músicas de discoteca. Eram discos como Hit Machine, Disco Fire e Music Machine. Os grupos e cantores “disco” de maior sucesso eram Chic, Sylvester, K.C. & Sunshine Band, Village People, As Frenéticas e Donna Summer. Aliás, o Disc Machine tinha uma música maravilhosa do Morris Albert, aquele brasileiro que cantava em inglês.
Terminada a decoração, faltava dar um jeito na sala. Que bagunça! Lucília precisava organizar os fascículos do Jorginho – ele deu para comprar coleções da Abril Cultural -, os LPs da Cristina (que “amava de paixão” a trilha sonora da novela Estúpido Cúpido, transmitida há pouco tempo pela Globo) e as revistas do marido. Quanta revista! A maioria era Quatro Rodas. Ele estava interessado em comprar um Fiat 147 para substituir o velho Fusca 1500. Lucília preferia automóveis da Volkswagen, talvez uma Variant II ou um Passat. Jorginho e Cristina tentavam fazer a cabeça do pai para que ele comprasse aquele novo Passat, o Surf. Ora, mas o Passat Surf foi feito para o público jovem, não para um senhor de família! O marido insistia no 147 por que era um carro novo, de uma marca nova, desculpas para comprar o carro não faltavam.
Pensando bem, 1978 não foi um ano muito difícil. Dez anos depois da promulgação do Ato Institucional nº 5, o governo dava sinais de que relaxaria a censura. Quer dizer, o regime militar estava, ainda que aos poucos, se tornando mais brando. Quando voltaremos a eleger um presidente? – perguntava Lucília. O assunto do momento nas rodinhas era a anistia política. O povo também não parava de falar no substituto do presidente Geisel. E a morte dos papas? Nunca ocorreu algo semelhante: dois papas mortos no mesmo ano. Quem imaginaria que João Paulo I, substituto do recém-falecido Paulo VI faleceria apenas 30 dias depois de eleito papa? E quem imaginaria que um polonês substituíria João Paulo I? Lucília lembrava que o nome dele era Karol alguma coisa. Um papa polonês. Fazia séculos que a igreja não escolhia um papa não-italiano. João Paulo II, o novo pontífice, parecia simpatico. Se vier ao Brasil, Lucília faria questão de vê-lo pessoalmente. Um papa polonês. Como era simpatico! “Deviam chamá-lo de João de Deus”, pensou.
1978 será para sempre lembrado como o ano da Copa do Mundo da Argentina. O Brasil tinha tudo para ser campeão, só que quem levou a taça foram os anfitriões. Mas, para Lucília, era o ano de Dancin’ Days, das Frenéticas, de Os Embalos de Sábado à Noite, John Travolta e Bee Gees.
Era tarde, havia revistas para organizar, um chão para limpar e a janta por fazer. Os filhos logo estariam em casa.
A decoração até que ficara bonita. Mas, a de 1979 seria melhor e ainda mais bonita. Lucília tinha esperança de que o novo ano seria o prenúncio de tempos melhores. De preferência com a onda disco. Ela não podia ser assim tão passageira.
24/11/2009
JANIS JOPLIN E O SURGIMENTO DO ROCK
Janis Joplin foi testemunha de seu tempo. Viu nascer a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã e o Muro de Berlim. Soube que comunistas tomaram o poder em Cuba e foram perseguidos pelo poder nos Estados Unidos. Foi testemunha da vergonhosa segregação racial nos Estados Unidos e da luta dos negros por direitos iguais. Como muitos dos seus conterrâneos, Janis se maravilhou com a chegada do primeiro homem à Lua. E ficou chocada com os assassinatos de John Kennedy e, anos mais tarde, de seu irmão Robert Kennedy. As mortes repentinas de James Dean, Marilyn Monroe, Martin Luther King e Jimi Hendrix também mexeram com o imaginário dessa norte-americana originária do Texas.
Reza a lenda que Janis previra morte semelhante a de Hendrix. E não sem motivos. Vira e mexe, ela tinha problemas com as drogas.
Janis Joplin nasceu em Porth Arthur, Texas, em 1943. Tinha oito anos de idade quando começou a Guerra da Coréia e a “caça às bruxas” nos Estados Unidos. Possuir ligações com partidos de esquerda podia trazer problemas, sérios problemas para o sujeito. Mas, como toda criança de sua época, Janis não dava bola para essas coisas. Importante era se divertir e ouvir suas músicas prediletas.
A queda de Janes pela música negra nasceu cedo. Volta e meia, ela escutava Billie Holliday, Ray Charles e Nat King Cole. Mas era de Bessie Smith que ela mais gostava. Nascida no Tennessee, Bessie foi uma das maiores cantoras de blues da primeira metade do século XX. Tinha 43 quando morreu num acidente de automóvel. Sua morte causou comoção na época. O túmulo, no entanto, permaneceu sem lápide por um longo tempo. Foi Janis que, em 1970, providenciou uma lápide para o local onde repousava o corpo de Bessie. Era uma forma de homenagear a cantora que a inspirou.
Aos sete anos, Janis escutava Nat King Cole assiduamente. Não que gostasse. Nat King Cole dominava as paradas musicais, era ouvido em bailinhos, aparecia em programas de TV, enfim, era quase uninamidade. Enfim, parecia impossível não ouvi-lo. Sua popularidade só começou a cair por volta de 1955, quando Chuck Berry tomou as paradas com Maybellene.
Personalidades como James Dean, Albert Einstein, Grace Kelly, Dwight Eisenhower e Gene Kelly deram muito o que falar. Einsenhower, por exemplo, foi eleito presidente dos Estados Unidos e Gene Kelly estourara nas bilheterias com o filme Cantando na Chuva. No entanto, ninguém foi mais odiado, amado e falado do que um jovem do Mississipi chamado Elvis Aaron Presley. Sua música e seu jeito de dançar escandalizavam os mais velhos. A música Heartbreaker Hotel foi uma das mais ouvidas em 1956. Em 57, Elvis emplacar mais três sucessos: All Shook Up, Teddy Bear e Jailhouse Rock.
Todos falavam de um novo estilo, um tal de rock’n’roll. A jovem Janis Joplin não conseguia ficar indiferente a ele - como a maior parte dos jovens norte-americanos. Alguns dos maiores ídolos da segunda metade da década de 50 flertavam com o “rock’n’roll” : Bill Haley and His Comets, Chuck Berry, Little Richard, Carl Perkins, Jerry Lee Lewis e Fats Domino. Alguns puxavam mais para o country e outros para o blues, mas todos faziam parte dessa estranha e contagiante mistura de ritmos brancos e negros batizado de rock. Fats Domino angariou seguidores com This is Fats. Little Richards conquistou a garotada com Heres’ Little Richard. Bill Haley e “seus cometas” abalou as estruturas com Rock Around The Clock. Elvis Presley, enfim, irritou os conservadores com Jailhouse Rock.
Passaram-se poucos anos do surgimento do rock’n’roll e ele já fazia sucesso no mundo todo. Até na América do Sul. No Brasil, ele aportou no final dos anos 1950. Dizem que foi a cantora Nora Ney, a primeira a gravar um rock. Mas aí são outros quinhentos.
Janis tinha 16 anos em 1959. Estava para se formar na “high school” quando surgiu uma nova boneca no mercado, batizada de Barbie. Marilyn Monroe era a grande estrela do cinema e Ray Charles emplacava sucesso atrás de sucesso. O jazz, que estava em alta, tinha com maior representante o compositor e trompetista Miles Davis. A música de influência negra “e feita por negros” ganhava um novo profeta: Berry Gordy Jr., da cidade de Detroit, Michigan.
Berry Gordy fundou a gravadora Motown, especializada em música negra. A Motown veio para mudar a história da música do século XX. Afinal, foi ela quem ajudou a lançar astros como Diana Ross, Marvin Gaye, Rick James, The Temptations, Jackson Five e Michael Jackson. Foi ela quem criou a indústria de hits e de certa forma, ajudou a conceber grupos como Spice Girls, N’Sync e Backstreet Boys. As músicas eram feitas sob medida (de encomenda, vamos assim dizer) e as coreografias dos músicos seriam sempre ensaiadas. De 1961 a 1971, a Motown emplacou 100 músicas nos primeiros lugares da paradas norte-americanas.
Janis não era indiferente aos sucessos da Motown e gostava muito de rock’n’roll. Mas seu forte era o blues. Nos anos seguintes, deixaria de ser uma mera espectadora para se tornar estrela da música. Não seria mais ouvinte, mas uma cantora. E testemunharia a grande explosão do rock dos anos 1960.
Isso, porém, é assunto para outro post.
16/11/2009
1975: SÔNIA CRAVO E CANELA
Antes de se tornar conhecida como Gabriela, Sônia Braga participou de alguns episódios de Caso Especial e novelas da Globo. Foram Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Fogo Sobre Terra. Sônia também trabalhou no infantil Vila Sésamo, exibido nos anos 1970 pela Globo e TV Cultura de São Paulo.
Em 1976, Sônia participou da novela Saramandaia e do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos. Mais tarde, estouraria nas bilheterias com o filme A Dama do Lotação e nas telinhas com o folhetim Dancin’Days. No início dos anos 80, Sônia voltou a interpretar a personagem Gabriela, só que dessa vez no cinema. O personagem Nacib foi interpretado pelo ator italiano Marcello Mastroiani.
Tanto a Gabriela da novela quanto a do cinema impulsionaram a carreira internacional da paranaense Sônia Braga. Mas o filme que projetou Sônia em Hollywood foi o Beijo da Mulher Aranha, de 1985. Mas o ano de Sônia Braga foi, no entanto, 1975.
O sucesso da novela Gabriela fez com que Sônia fosse recebida em carro aberto em Portugal. O sucesso fez meio Brasil cantar a música Modinha para Gabriela, de Dorival Caymmi - interpretada por Gal Costa. O sucesso fez com que Sônia fosse convocada para ser Dona Flor e a Dama do Lotação. Sônia Braga foi o maior símbolo sexual brasileiro da segunda metade dos anos 70.
Gabriela, digo, Sônia Braga foi um das personalidades mais influentes de 1975. Seu nome aparecia com frequência em revistas como Veja, Manchete, Contigo, Amiga e Sétimo Céu. Outras personalidades que estiveram na boca do povo em 1975 foram o piloto Emerson Fittipaldi, o atleta João do Pulo (que bateu o recorde mundial do salto triplo) e o humorista Chico Anysio. Por sinal, Chico só não fez mais sucesso por que não era mulher, nem era bonito como Sônia Braga. Mas quem fazia o Brasil rir no teatro e na televisão era ele e somente ele. O personagem Azambuja alcançou tamanha popularidade que ganhou séria própria. Os brasileiros viam Chico Anysio três vezes por semana. Ele interpretava diversos personagens no programa Chico City. Quem não lembra das esquetes e quadros de personagens como o velho Popó, o pai de santo Zuza, do coronel Pantaleão e do “astro” Alberto Roberto?
Foram ao ar na mesma época de Gabriela as novelas Pecado Capital e Escalada. A Globo passou a apresentar uma série de novelas baseadas em clássicos da literatura. A primeira (que teve pouquíssimos capítulos) foi Helena, seguida de Senhora e A Moreninha. Além de se contorcer de rir com Chico Anísio, os brasileiros se divertiam com a primeira versão de A Grande Família (que era exibida pela Globo) e com o programa Alegríssimo (da TV Tupi). Os domingos eram do apresentador Silvio Santos.
É provável que a nova geração não saiba, mas Silvio Santos foi o principal apresentador dominical da Rede Globo nos anos 70! Poucos brasileiros sabiam quem era o repórter de rádio Fausto Silva. Outra curiosidade: Roque e Lombardi já trabalhavam com Silvio em 1975. Silvio Santos costumava promover suas próprias empresas e produtos (Baú da Felicidade, Lojas Tamakavy e Vimave ) em seu programa.
O Brasil ainda convivia com o fantasma da falta de petróleo em 1975. A época do milagre econômico estava chegando ao fim e o povo começava a reclamar da carestia. A epidemia de meningite assustou as autoridades, que promoveram vacinações em massa em São Paulo. A Guanabara fundiu-se ao Rio de Janeiro. A Guerra do Vietnã (que foi, para muitos norte-americanos, um desastre) finalmente chegava ao fim. Nasciam países independentes, quase todos de língua portuguesa: Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
Muitos paulistanos devem ter comprado aparelhos de TV Colorado na loja de departamentos Mappim, com endereço na Praça Ramos de Azevedo. Fazia pouco tempo que a cor tinha aportado na telinha e o sonho de boa parte dos brasileiros era ter um televisor colorido. Marcas como Telefunken chamavam a atenção para os aparelhos à cores em seus anúncios publicitários.
Os filmes “tipo catástrofe” estavam em alta. Robert Altman tinha acabado de lançar o clássico Nashville, filme ignorado pelas massas. O que elas queriam era assistir Aeroporto, Terremoto e Inferno na Torre. Também se interessaram por Tubarão, produção dirigida por um cineasta não muito conhecido por aqui: Steven Spielberg. E cinema de verdade era o cinema de rua. Os cinemas de shoppings surgiram anos depois.
Lançado em 1974, o LP Gita, de Raul Seixas vendeu horrores ao longo do ano seguinte. Aliás, Gita foi um dos principais hits do verão 74/75. Outro cantor que deu muito o que falar foi um tal de Mauro Celso. A canção Farofa-fa estourou nas paradas e inspirou torcidas como a do Flamengo, que não cansava de repetir: Flaro-Fla-Fla. As músicas internacionais mais ouvidas foram Flying (com Chris DeBurgh) e Feelings (de Morris Albert). Composta pelo brasileiro Maurício Alberto Kaisermann – ou simplesmente Morris Albert - Feelings fez sucesso em dezenas de países. A ele seguiram-se She’s my Girl e Conversation.
Fernão Capelo Gaivota (de autoria de Richard Bach), O Exorcista (de W. P. Blatty), O Machão (Harold Robbins), Arlequim (Morris West), Cães de Guerra (Frederic Forsyth), Teje Preso (Chico Anysio) e Calabar (Chico Buarque) foram os livros de maior saída das livrarias. A Gabriela de Sônia Braga reavivou o interesse pela obra de Jorge Amado. Tanto que Gabriela Cravo e Canela foi um dos livros mais vendidos na época em que a novela esteve no ar.
Depois do sucesso de O Beijo da Mulher-aranha, Sônia Braga radicou-se nos Estados Unidos, onde participou de vários filmes e séries de TV. Participou de Luar Sobre Parador, Rebelião em Milagro, Rookie, Morte Dupla e Um Drink no Inferno. Regressou ao Brasil cerca de 20 depois, quando fez duas pequenas participacões na novelas Páginas da Vida e Força de um Desejo. Recentemente (no ano de 2007), participou de uma versão brasileira de Desperate Housewives.
06/11/2009
1990: PAULO COELHO ESTÁ EM TODAS
Faz tempo que o escritor Paulo Coelho é conhecido do grande público. Antes de se tornar best-seller ele era conhecido como compositor, chegando a criar diversas músicas em parceria com Raul Seixas. Foi entre a segunda metade dos anos 80 e início dos 90 que Paulo “estourou” como escritor. Em 1990, mantinha três livros na lista dos mais vendidos: Diário de um Mago, O Alquimista e Brida.
O sucesso de Brida foi tamanho que, mais tarde, ele foi adaptado para a TV. Entre 1992 e 2008, Paulo escreveu diversos livros, entre os quais As Valkírias, Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei, O Monte Cinco, Veronica Decide Morrer, O Demônio e Srta. Prym, Onze Minutos, O Zahir, A Bruxa de Portobello, Ser Como o Rio Que Flui e O Vencedor está Só. Todos, sem exceção, foram campeões de vendas. Mas, o ano de 1990 foi especial para Paulo Coelho.
Um dos campeões de vendas de 1990 foi Lembranças da Meia-noite, de Sidney Sheldon. Podemos dizer que é uma espécie de continuação do best-seller O Outro Lado da Meia-noite. Outro escritor que disputou o topo das vendas com Paulo Coelho em 1990 foi Rubem Fonseca, com seu clássico Agosto. Ruy Castro invadiu a raia com Chega de Saudade. O italiano Umberto Eco apareceu com O Pêndulo de Foucault e Ricardo Semler com Virando a Própria Mesa. Curiosamente, um dos grandes vencedores (e que virou febre!) de 90 foi o infantil Onde Está Wally?.
Em Onde está Wally?, a garotada tinha que encontrar o personagem escondido entre diversas multidões. Era difícil, mas todos conseguiam encontrá-lo. O livro do magrelo de óculos, gorro e malha listrada foi uma das manias de 1990, juntamente com as molas coloridas da Muzzi e os bonecos peludos esquisitos da Grow. Eram chamados de Fluffs. Alguém lembra?
O vídeocassete de quatro cabeças da Panasonic foi a grande vedete do lar em 1990. Era caro, mas boa parte da população dava um jeito de trazê-lo do Paraguai. Ou mesmo de Miami! O Panasonic de quatro cabeças dividia espaço com os “três em um” de marcas como Philco-Hitachi, Philips, Toshiba e Gradiente. Os aparelhos de som da Cygnys também tinham boa saída das lojas.
Tudo indica que Paulo Coelho possuia um Sterilair em casa. Fabricado pela Yashica, o Sterilair prometia umidificar o ar e matar micro-bichos asquerosos como o ácaro. Se Coelho não tinha, o resto do Brasil tinha, O Sterilair foi o único aparelho anti-ácaro a virar mania entre os brasileiros.
O Kitchen Machine foi a grande estrela da cozinha. Qual dona de casa não gostaria de ter um desses em casa? Ele fazia milagres. O problema é que dava trabalho para lavar. E que trabalheira!
Paulo tinha uma filmadora Samsung? Talvez sim, talvez não. O fato é que muitos brasileiros queriam uma filmadora VHS para gravar festas de família e, em seguida, assistí-las no Panasonic quatro cabeças. Ela podia ser comprada nas lojas de departamentos que ainda estavam em alta nesse tempo. Mappim, Mesbla e Sears eram algumas dessa lojas.
Os homens usavam perfumes como o Quasar, do Boticário. Sapatos e sapatilhas Sândalo estavam nos pés de muitos marmanjos. Os cintos Fasolo era considerados chiques por alguns. Adidas, Puma e M2000 figuravam entre as marcas de tênis prediletas. Jeans? A grife Wrangler era uma das mais desejadas. As calças jeans com estampas verticais nas laterais virou moda entre adolescentes e moças.
Fernando Collor de Mello assumiu a presidência do Brasil em 15 de Março de 1990. No mesmo ano, o Iraque invadiu o Kwait, deflagrando a Guerra do Golfo. O regime de segregação racial da África do Sul agonizava. Nelson Mandela, simbolo da luta dos negros contra o Apartheid foi libertado depois de 28 anos de prisão. O mundo comemorava o primeiro ano da queda do Muro de Berlim.
Os personagens do ano foram Fernando Collor de Mello, ministra Zélia Cardoso de Mello (que confiscou a poupança de quase metade dos brasileiros!!), Luma de Oliveira (que estampou a capa da revista Playboy), Madonna e Paulo Coelho.
Por falar em Madonna, ela foi uma das grandes estrelas de 1990. Blonde Ambition, título de sua turnê, rodou os palcos do mundo. Nós ouvíamos Leandro e Leonardo (Desculpe, mas eu vou chorar), Chitãozinho e Xororó (Nuvem de Lágrimas e Evidências) e Bon Jovi (I’ll be There For You). A lambada, que fora o principal modismo dos últimos tempos, agonizava. A house, um estilo de música eletrônica, continuou fazendo a cabeça da moçada de 1990.
No cinema, destaque para Nascido em 4 de Julho, Meu Pé Esquerdo (que garantiu o Oscar para Daniel Day-Lewis), Sociedade dos Poetas Mortos, Uma Linda Mulher, Ghost – Do Outro Lado da Vida e Esqueceram de Mim. Difícil apostar qual filme fez mais sucesso. Sociedade dos Poetas Mortos teve boa saída nas locadoras de vídeo. Uma Linda Mulher “bombou” nos cinemas e na TV. Ghost arrancou lágrimas em todos os países onde foi exibido. Quanto a Esqueceram de Mim, foi reprisado diversas vezes na TV ao longo dos anos seguintes.
Praticamente não havia telefonia celular no início dos anos 90. Ligar da rua, só se fosse de orelhão com ficha. O sujeito era obrigado a estacionar seu Lada recém-importado (a Lada foi uma das primeiras marcas estrangeiras a chegar por aqui) na rua e correr para o orelhão mais próximo. Marcava o encontro com a namorada para antes ou depois da novela Pantanal. Perder Pantanal? De jeito algum. Podia perder Rainha da Sucata, da Globo, menos Pantanal, que era exibida pela extinta TV Manchete.
Enfim, 1990 foi o ano de Paulo Coelho, mas também foi de Madonna, Fernando Collor de Mello, Beto Barbosa (o rei da lambada), Nelson Mandela, Leandro e Leonardo, Juma Marruá… Juma o quê? Juma era a personagem principal de Pantanal, interpretada pela atriz Cristiana Oliveira. Juma era apaixonada por Jove (Marcos Winter), filho rejeitado de José Leôncio… Mas aí são outros quinhentos.
30/10/2009
1980, O ANO DE RITA LEE
Afinal, é correto afirmar que 1980 foi o ano de Rita Lee? Presumo que não. Todos os anos são anos de Rita Lee. Ela faz sucesso desde a década de 1960, quando integrou o grupo Os Mutantes. Seu primeiro disco solo foi lançado em 1970, quando ainda era integrande do grupo. Desde então, Rita tem lançado disco atrás de disco. Mas, o apogeu da carreira ocorreu, sem dúvida, entre o final dos anos 70 e o início dos 80.
Em 1978, Rita lançou Babilônia, que foi seguido por Rita Lee (1979), Rita Lee (1980), Saúde (1981), Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982) e Bombom (1983). A eles seguiram-se muitos outros. Os maiores hits de Babilônia foram Miss Brasil 2000 e Jardins da Babilônia. Do Rita Lee de 1979 os grandes sucessos foram Papai Me Empresta o Carro, Chega Mais, Arrombou a Festa II, Mania de Você e Doce Vampiro. A canção Mania de Você tocou insistentemente em um comercial de TV do jeans Ellus. Meio mundo ficou escandalizado com as cenas de um casal tirando a roupa em uma piscina. Em 1980, Rita emplacou Baila Comigo, Ôrra meu, Lança Perfume e Nem Luxo, Nem Lixo. Mais tarde, uma versão instrumental de Baila Comigo abriria uma novela de mesmo nome na Globo. Lança Perfume foi o nome de um show que percorreu o Brasil inteiro. As músicas mais tocadas de Saúde, de 1981, foram Mutante, Banho de Espuma, Atlântida e Saúde. Rita Lee e Roberto de Carvalho, de 1982, foi outro grande sucesso. Flagra e Vote em Mim foram os maiores hits. Finalmente, Bombom emplacou On the Rocks (com um dos melhores solos de guitarra do rock brasileiro) e Desculpe o Auê.
O presidente da República era João Batista Figueiredo quando o Rita Lee de 1980 foi lançado. Os assuntos mais discutidos daquele ano foram os jogos olímpicos de Moscou, as greves no ABC e a visita do Papa João Paulo II ao Brasil. Rita deve ter acompanhado as notícias sobre a turnê do papa. E quem não acompanhou? Nada, porém, chamou tanto a atenção quanto a morte dos ex-Beatles John Lennon. Foi um choque. Lennon foi assassinado por um maluco na porta do prédio onde morava.
Entre gravações de clipes, entrevistas e shows, Rita deve ter ouvido muito sobre a apresentação do cantor Frank Sinatra no Maracanã e sobre a nova grande estrela da MPB: Fagner. O cearense Raimundo Fagner era muito popular na época. Noturno, uma de suas músicas abriu a novela Coração Alado, da saudosa Janete Clair. Outra estrela que arrebentou nas paradas foi Gal Costa. Chico Buarque revoltou as “Genis” brasileiras. Elas ficaracam indignadas com a música Geni e o Zepelin, cujo refrão era “Taca pedra na Geni/Taca bosta na Geni/Ela é feita prá apanhar/Ela é boa de cuspir”.
Um dos maiores sucessos da TV naquele ano foi o MPB 80, transmitido pela Rede Globo. Dezenas de compositores e cantores participaram do festival. Ao final, a música vencedora foi Agonia, cantada por Osvaldo Montenegro. Que faturou o segundo lugar foi Amelinha, com a música Foi Deus Quem Fez Você. Jessé não chegou nas primeiras colocações, mas foi agraciado com o prêmio de melhor intérprete masculino e ainda botou Porto Solidão nas paradas de sucesso.
Baby Consuelo foi outra cantora popular em 1980. Menino do Rio, uma composição de Caetano Veloso, tocou na abertura da novela Água Viva. A abertura de Olhai os Lírios do Campo, transmitida às 6h00 da tarde, foi musicada por Fábio Jr. e Chega Mais, do horário das sete, por ninguém menos que Rita Lee.
Em 1980, o Brasil inteiro se perguntava quem matou o personagem Miguel Fragonard, da novela Água Viva. Tinha ódio de J.R., o vilão do seriado norte-americano Dallas. E as crianças conheceram um personagem chamado Bozo, escalado para comandar um programa infantil na TVS.
No cinema, as maiores bilheterias foram: A Lagoa Azul (com a adolescente Brooke Shildes), Em Algum Lugar do Passado (estrelado pelo ex-Superman Chrystopher Reeve), Fama, e Bye, Bye Brasil. O Império dos Sentidos, do japonês Nagisa Oshima, com suas cenas de sexo explícito, atiçou a curiosidade dos cinéfilos e a ira dos conservadores.
Rita provavelmente não dispunha de muito tempo para ler. Se leu alguma coisa, provavelmente foi O Que é Isso, Companheiro? do ex-exilado político Fernando Gabeira. Ou, quem sabe, deve ter folheado O Crepúsculo do Macho, do próprio Gabeira. O fato é que boa parte do Brasil leu Fernando Gabeira, Jorge Amado, Frederick Forsyth, Fernando Sabino e Alfredo Syrkis.
Não sei se Rita se Rita Lee fumava ou bebia. Se fumava, deve ter experimentado o cigarro Galaxy, o mais vendido na época. Se bebia, provavelmente degustou a vodca Eristoff.
A garotada de 1980 consumiu o jogo eletrônico Genius em massa. A mão-biônica, uma espécie de mão de brinquedo, também vendeu como água. As meninas gostavam de bonecas em miniatura como a Fofolete e a Miudinha.
Rita não deve ter dado muita bola para os Genius. Na intimidade, ela se distraía assistindo o Jornal Nacional na TV National Panacolor. Ou teria sido Philco? Ou Sharp, outra marca popular no início dos 80?
Os produtos mais vendidos para o lar eram grills. A lavadora de roupas Lavínia foi bastante popular. A marca de geladeiras Frigidaire tinha muita saída em redes de lojas como Mappim e Casas Bahia. Entre os aparelhos de som, os campeões de vendas eram os das marcas National, Philips, CCE e Polyvox.
Os maior modismo de 1980 foram os patins. A tanga e o topless causaram furor nas praias (Alguém lembra de Fernando Gabeira usando tanga?). Os óculos de sol Porsche e Carrera também foram hits. Mas nada comparado com os patins! Nem as pulseiras Sabona venderam tanto. Exércitos de patinadores tomaram a orla carioca e as calçadas de São Paulo. Patinadores apareceram no clipe da música Xanadu, de Olivia Newton-John, e de Lança Perfume de Rita Lee. Aliás, a própria Rita aparece de rodinhas nos pés.
O LP Rita Lee vendeu mais de 400 mil cópias. A turnê Lança Perfume lotou casas de shows. Uma das mais cheias foi o Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo. Rita foi convidada para fazer comerciais de TV, estrelar especiais na Globo e fazer shows no exterior. E assim tem sido nos anos seguintes. Rita nunca saiu de moda. O ano de 1980, com suas modas e modismos se foi, mas Rita Lee continua.
29/10/2009
BALAS, PIRULITOS E SORVETES QUE DEIXARAM SAUDADES
Você participa da comunidade "Eu engasguei com bala Soft" do Orkut? Ela existe e faz alusão às balas redondinhas da marca Soft, uma preferidas da garotada dos anos 70. Vinha nos sabores laranja, limão, cereja, abacaxi, morango e uva. As balas Soft tinha grande aceitação, assim como os...
DROPS DULCORA - os drops Dulcora tinham vários sabores, todos na mesma embalagem. A gente dificilmente sabia qual era o próximo sabor.
BALAS CHITA - vinha com o desenho da famosa macaca do Tarzan na embalagem.
CHICLETES PING PONG E PLOC - Concorrentes, os chicletes Ping Pong e Ploc tinham poucos sabores. Costumavam vir com figurinhas como a dos heróis Marvel da Ping Pong.
DADINHO - Bala de amendoim em formato quadrado e embalagens individuais. É vendido até hoje.
BALAS JUQUINHA - Tinha vários sabores, inclusive de banana. Era grudenta e vinha em embalagem de papel, que sempre grudava na bala. A marca existe até hoje, com a embalagem de plástico como diferença.
PIRULITOS ZORRO - Pirulito grudento, de sabor caramelo, com formato retangular, que vinha com o desenho do famoso herói mascarado na embalagem.
GOTAS DE PINHO ALABARDA - De sabor marcante (eucaplipto), as gotas de pinho Alabarda vinha em embalagens verde e papeizinhos com diferentes mensagens.
SUPRA SUMO - Vinha dentro de uma caixa verde e branca, unicamente no sabor limão. Mais tarde, foi lançado o sabor laranja.
SORVETES GELATTO - A Gelato comercializava diversas marcas, sendo a mais famosa o Gelato. Outros sorvetes da Gelato bastante populares eram: Gol, Disco, Tubarão e Fura bolo (no formato de uma mão com o dedo indicador levantado).
BALAS DE LEITE KIDS - Era uma das mais populares entre as crianças. Não tinha um formato definido e era embalado em plástico transparente. Grudava mais nos dentes do que as balas Juquinha. É, certamente, a bala que deixa mais saudades. E nem tanto pelo sabor marcante, mas pelo jingle que sempre ouvíamos no comercial da TV. Detalhe: a música foi ouvida até 1985, quando saiu definitivamente do ar.
Roda, roda, roda baleiro, atenção!
Quando o baleiro parar, põe a mão.
Pegue a bala mais gostosa do planeta,
Não deixe que a sorte se intrometa.
Bala de leite Kids,
A melhor bala que há.
Bale de leite Kids,
quando o baleiro parar.
27/10/2009
AS NOVIDADES DOS ANOS 60
A principal novidade dos anos 1960 foi a chegada do primeiro humano à Lua. O primeiro passo foi dado pelos soviéticos, em 1961, quando enviaram o primeiro homem ao espaço. Outra grande novidade foi o surgimento de um grupo chamado The Beatles. Depois deles a música nunca mais foi a mesma.
Você poderá conferir nas próximas linhas, algumas novidade que surgiram a partír de 1961, começando, obviamente pelo envio do primeiro homem ao espaço.
1961
- O russo Yuri Gagarin é o primeiro homem a ser enviado ao espaço;
- começa a construção do muro de Berlim.
1962
- John Glenn é o primeiro norte-americano a ser enviado ao espaço;
- Brasil ganha a Copa do Mundo do Chile;
- lançamento de Love me Do, o primeiro disco compacto dos Beatles;
- o USS Savannah é o primeiro navio mercante do mundo movido a energia nuclear;
- surge o hovercraft;
- surge o Learjet.
1963
- Sidney Poitier é o primeiro negro a ganhar um Oscar;
- os soviéticos enviam a primeira mulher ao espaço;
- a brasileira Ieda Maria Vargas conquista o título de miss Universo;
- surge o telefone de tecla com toque eletrônico de discagem;
- gravador cassete;
- câmera Informatik, da Kodak;
- transfusão de sangue pré-natal;
- transplante de pulmão.
1964
- Surgimento da OLP - Organização para Libertação da Palestina;
- golpe militar no Brasil;
- lançamento do jornal Zero Hora em Porto Alegre;
- trem-bala entre Tóquio e Osaka;
- automóvel Ford Mustang.
1965
- Estréia na TV o programa Jovem Guarda;
- a TV Globo entra no ar;
- Mary Quant lança mini-saia;
- aspartame;
- lentes de contato gelatinosas.
1966
- Início da Revolução Cultural na China;
- movimento Black Power nos Estados Unidos;
- início da publicação do Jornal da Tarde;
- cartão de crédito Mastercharge (conhecido mais tarde como Mastercard);
- cabos telefônicos de fibra ótica.
1967
- Na África do Sul, é realizado o primeiro transplante do coração;
- estréia, na TV Record, o humorístico A Família Trapo;
- é publicada a primeira edição da revista Rolling Stone;
- relógios de quarzo;
- forno de microondas comerciais;
- testes de bafômetro para motoristas;
- mísseis balísticos de ogivas múltiplas.
1968
- Ocorrem protestos estudantis em diversos países;
- estréia da peça Hair, na Broadway;
- laringe artificial;
- disco de platina (Wheels of fire, do Cream, vende um milhão de cópias)
1969
- Chegado do primeiro humano à Lua;
- ocorrer o mitológico Festival de Woodstock;
- em São Paulo, entra no ar a TV Cultura;
- surge o semanário O Pasquim;
- prêmio Nobel de economia;
- vacina contra a rubéola;
- avião a jato Jumbo, da Boeing.
1970
- Brasil é campeão da Copa do Mundo do México;
- maratona da cidade de Nova York;
- metrô na cidade do México;
- divórcio na Itália;
- loteria esportiva no Brasil;
- World Trade Center, em Nova York.
26/10/2009
LEMBRA DOS DESENHOS DE HANNA-BARBERA?
Quais eram melhores, os desenhos da Disney ou os de Hanna-Barbera? Meus coleguinhas de infância juravam que eram os dos estúdios de William Hanna e Joseph Barbera. Embora achasse a comparação sem sentido, eu apostava nos desenhos da Walt Disney. O que vinha à mente eram clássicos como Branca de Neve e os Sete Anões, Os 101 Dálmatas, A Bela Adormecida, Dumbo, Cinderela, Pinóquio e o inesquecível Fantasia. Mas a verdade era que a maior parte dos desenhos da Disney tinham sido produzidos para o cinema, enquanto os de Hanna-Barbera, para a TV.
Os desenhos de Hanna-Barbera foram transmitidos por diversas emissoras em diferentes horários. No horário do almoço, eram transmitidos no Globo Cor Especial (“Não existe nada mais antigo/Do que cowboy que dá cem tiros de uma vez...”), da Globo. Nos finais da tarde (antes do surgimento dos jornalísticos locais como o SPTV), a emissora costumava exibir desenhos como A Formiga Atômica, Esquilo Sem-grilo, Elefantástico, Xodó da Vovó, Treme-Treme, Zé Buscapé, Lula Lelé, Careta e Mutreta e Feiticeira Faceira. Mas eles não eram os únicos. Vieram apenas se somar às inúmeras produções da Hanna-Barbera, transmitidas no Brasil desde a década de 1960. Veja a seguir, uma lista desses desenhos que, a bem dizer, são verdadeiros clássicos. E que deixam saudades, não apenas dos personagens, mas de nossa infância.
(Um detalhe importante: alguns ainda são exibidos por emissoras como SBT.)
SCOOBY DOO
OS FLINTSTONES
OS JETSONS
VOVÔ VIU A UVA
OS MUZZARELAS
URSUAT
DINO BOY
OLHO VIVO E FARO-FINO
OS IMPOSSÍVEIS
TOM E JERRY
JOHNNY QUEST
A TURMA DA GATOLÂNDIA
TARTARUGA TOUCHÉ
DEVLIN, O MOTOQUEIRO
MOSQUITO, MOSQUETE E MOSCATO
OS BRASINHAS DO ESPAÇO
MISSÃO MÁGICA
SUPER-GLOBETROTHERS
LABORATÓRIO SUBMARINO
AS AVENTURAS DE GULLIVER
LUPE LEBÔ
CORRIDA MALUCA
GOOBER E OS CAÇADORES DE FANTASMAS
MOBY DICK
HONK KONG FU
MAGUILA, O GORILA
O JOVEM SANSÃO
CARETA E MUTRETA
JOÃO GRANDÃO
FAMÍLIA ADAMS
CARANGOS E MOTOCAS
JOSIE E AS GATINHAS
MANDA-CHUVA
É O LOBO
SHAZAN
BICUDO, O LOBISOMEN
OS APUROS DE PENÉLOPE
CHARLIE CHAN
WALLYGATOR
PLIC, PLOC E CHUVISCO
D'ARTAGNAN E OS TRÊS MOSQUETEIROS
FANTASMINHA LEGAL
ROBOBOS
PETER POTAMUS
CAPITÃO CAVERNA E AS PANTERINHAS
GALAXY TRIO
MIGHTOR
FALCÃO AZUL E BIONICÃO
HOMEM-PÁSSARO
A ARCA DO ZÉ COLMÉIA
JOSIE E AS GATINHAS NO ESPAÇO
JUCA BALA E ZÉ BOLHA
URSO DO CABELO DURO
OS CAVALEIROS DA ÁRABIA
FRANKSTEIN JR.
BACAMARTE E CHUMBINHO
PEPE LEGAL
RABUGENTO
O VALE DOS DINOSSAUROS
GODZILA
BAM-BAM E PEDRITA
HO-HO OLIMPICOS
DOM PIXOTE
SPACE GHOST
BIBO PAI E BOBI FILHO
MATRACA E FOFOQUINHA
OS HERCULÓIDES
LEÃO DA MONTANHA
COELHO RICOCHETE E BLAU-BLAU
CLUE CLUB
23/10/2009
JOE, O FUGITIVO E OUTROS BICHOS
Você lembra do cão pastor-alemão, Joe? Aposto que não. Mas muita gente lembra muitíssimo bem, principalmente meus vizinhos que encontraram um cão parecido na rua e o batizaram de… Joe.
Joe foi protagonista de uma série de TV norte-americana (“Run, Joe, Run”, no original) transmitida pela Rede Globo nos anos 70. Contava a história de um cão pertencente a uma organização militar chamada K-9 (acho que já vi esse nome antes!) que fugiu depois de ser acusado de atacar seu treinador. Na verdade, Joe sentiu que podia ser sacrificado e, para escapar do seu destino, acabou fugindo. O único personagem que acreditava na inocência de Joe era Sargento Corey, que o procurou durante muito tempo. Sgto Corey sempre estava a um passo de encontrar Joe, sem nunca consegui-lo. Consta que eles se encontraram na segunda temporada, da qual não tenho informações se foi transmitida no Brasil.
O pastor-alemão Joe foi apenas um entre muitos animais que nós amamos na TV. Antes dele, dois outros pastores-alemães tinham feito sucesso no Brasil: Rin Tin Tin e Lobo. Rin Tin Tin foi o cão do cabo Rusty, o jovem adotado pelos soldados de um forte no interior dos Estados Unidos. Lobo, muita gente deve lembrar, era o nome do cão do personagem principal da série brasileira O Vigilante Rodoviário.
Outro cão inesquecível é Lassie. A popularidade da collie Lassie chegou a um ponto que ela protagonizou longa-metragem e até desenho animado.
Outros animais que amamos e não esquecemos: Silver (o cavalo de Zorro), Clarence (o leão do seriado Daktari), Chita (a chimpanzé de Tarzan, o eterno homem-macaco) e Flipper (golfinho personagem do seriado de mesmo nome).
22/10/2009
NEY MATOGROSSO E O SECOS & MOLHADOS
Em sua edição de segundo aniversário - lançada em outubro de 2007 -, a revista Rolling Stone Brasil publicou uma entrevista com Fausto Silva, o Faustão. Trata-se de uma entrevista interessante, que conta parte da trajetória e expõe um pouco das opiniões do conhecido apresentador de TV. Mas eu não queria a revista por causa da capa, mas pela relação dos 100 maiores discos da música brasileira.
Para minha surpresa, o júri da Rolling Stone elegeu Acabou Chorare, gravado pelos Novos Baianos, como o melhor disco de todos os tempos. Eu esperava que fosse a criação coletiva Tropicália ou Panis et Circensis - que, aliás, faturou o segundo lugar. Mas a maior surpresa foi o quinto colocado: Secos & Molhados, de 1973.
Na minha opinião, o Secos & Molhados foi um dos mais revolucionários grupos de MPB. Suas músicas representam muitíssimo bem o que foi aquele início de década de 70. Ney Matogrosso e os demais integrantes do grupo ganharam o público e a crítica com canções bem feitas e difíceis de esquecer. Quando criança, eu escutava a música O Vira com assiduidade. Mas foram Rosa de Hiroshima e Amante Latino que transformaram-me em fã do grupo. De vez em quando, ouço Amante Latino em Mp3. Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad usavam maquiagem carregada e plumas que lhes conferiam um visual andrógino. Com seus rebolados, Ney era a androginia em pessoa. Mas quem ligava para isso? A maior parte do público caiu de amores pelos Secos & Molhados. A agenda de shows do grupo estava sempre cheia. Em uma ocasião, ele lotaram o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Tom Jobim, João Gilberto, Jorge Benjor e Tim Maia encabeçam a lista dos cantores mais citados pela Rolling Stone. Caetano, por exemplo, teve cinco discos eleitos pelos críticos da revista. Sem contar o Panis et Circenses, feito em parceria com Gil, Os Mutantes, Gal e outros artistas. Nenhum disco de Ney Matogrosso foi citado. Sepultura e Ira! ficaram na frente. Mas Ney participou do Secos & Molhados, gravou trilhas de novelas, teve várias músicas nas paradas e nunca saiu de moda. Já sessentão, continua gravando e fazendo shows por aí.
Ney nasceu Ney de Souza Pereira no atual estado de Mato Grosso do Sul (na época, havia apenas um Mato Grosso). Antes de decolar como cantor, se inscreveu na aeronáutica, trabalhou em laboratório de patologia e até tentou ser ator. Como o Secos & Molhados teve vida breve, Ney ingressou logo na carreira solo, lançando o primeiro disco em 1975. O sucesso, no entanto, demorou um ano para acontecer. Veio com o LP Bandido, lançado em 1976. A partír de então, Ney viu várias gravações suas tocarem nas rádios e em programas de TV como o Fantástico. A música Pecado Rasgado (que, aliás, deve se chamar Não Existe Pecado ao Sul do Equador, ou algo assim) foi tema de abertura da novela de mesmo nome. Vida, Vida abriu a novela Jogo da Vida. Os outros sucessos de Ney foram Homem com H, Por Debaixo dos Panos, Pro Dia Nascer Feliz, Corazón Bandido e Vereda Tropical
21/10/2009
GÍRIAS DOS ANOS 70
Se você viveu os anos 70, responda rápido: o que significa "à beça"? E "pra chuchu", o que quer dizer? Se acertou as respostas, você não somente aproveitou como recorda bem daqueles anos deliciosos. Você realmente está "por dentro" e continua "prá frentex".
A seguir, você poderá conferir outras palavras e gírias usadas no período 1970 e 1979. O detalhe é que algumas são usadas até hoje.
Aliás, "à beça" e "prá chuchu": tem o mesmo significado. Querem dizer muito, bastante.
Abafar - chamar a atenção
Aprontar - arranjar confusão, o mesmo que sacanear
Barra limpa - tudo bem, tudo certo
Barra pesada - pessoa ou situação difícil de lidar ou perigosa
Bicho - pessoa amiga, pessoa companheira. Equivalente ao "brother" de hoje
Bidu - pessoa esperta
Bronca - mal-humor, repreensão
Careta - pessoa conservadora
Curtir - aproveitar uma situação dada como boa
Dar um "taime" - aguardar um pouco, esperar
De montão - muito, em grande quantidade
Desligado - distraído, fora de si
Estar por dentro - ser atualizado, estar bem informado
Falou e disse - concordo, disse bem, disse o que tinha que dizer
Fera - aquele que é bom ou se sai bem em uma atividade
Figura - sujeito diferente, pessoa excêntrica
Forçar a barra - provocar uma situação
Gamado - apaixonado
Grilado - desconfiado, em dúvida
Maior barato - sensação boa, o mesmo que legal
Manjar - entender, compreender
Na minha - ficar observando e quieto, sem se meter na conversa ou situação.
Na sua - idem, só que era usado para se referir a outra pessoa
Papo furado - conversa sem sentido, conversa que não vai a lugar algum, mentir
Prá lá de Marrakech - ficar bêbado, chapado, drogado
Russo - difícil, complicado, situação ruim
Trampo - trabalho
Clique aqui e descubra quais as gírias mais utilizadas de 1980 a 2000
16/10/2009
GIBIS MAIS DO QUE ANTIGOS
Você, com mais de 40 anos, lembra de quais gibis comprava na banca? Lembra dos títulos que costumava ler quando criança? E dos álbuns de figurinhas, recorda de algum? E das coleções da Abril Cultural?
Eu, que hoje estou com quase 45, lia muito os gibis do Maurício de Souza quando criança. Eram os anos 1970. O Brasil lia Manchete, Veja, Quatro Rodas e Placar. Revistas de fotonovelas como Sétimo Céu e Grande Hotel eram muito populares. Entre os álbuns de figurinhas, o Galeria Disney foi o mais vendido. Para ser exato, o Galeria virou febre na época. As coleções da Abril Cultural faziam grande sucesso. A mais vendida da história da AC foi a Conhecer, mas Bom Apetite, Medicina e Saúde e Enciclopédia do Estadunte não ficavam atrás.
Além dos quadrinhos da Turma da Mônica, a garotada dos anos 70 apreciava os da Disney. Pato Donald, Tio Patinhas, Zé Carioca e Almanaque Disney eram os títulos mais comprados. Só que a editora Abril, que publicava Maurício de Souza e Disney, não reinava sozinha. A concorrência era forte e contava com as antigas editoras Vecchi, Ebal, RGE (Atual Editora Globo) e Bloch.
A Rio Gráfica e Editora – RGE publicava gibis como os do Fantasma. Por sua aceitação, o Fantasma acabou virando álbum de figurinhas. Mas, o album e os quadrinhos de maior vendas foram os do Sítio do Pica-pau Amarelo. Na época, a Rede Globo transmitia uma adaptação da famosa obra infantil de Monteiro Lobato.
A Bloch costumava publicar gibis de terror e super-heróis. Títulos como Homem-Aranha saiam em preto e branco pela editora da revista Manchete.
Entre os gibis vendidos nas bancas do período estavam: Brucutu, Tininha, O Gordo e o Magro, Pimentinha, Recruta Zero, Sobrinhos do Capitão, Riquinho, Asterix, A Pantera Cor-de-rosa, Princípe Valente, Satanésio, Brotoeja, Heróis da TV (com os personagens de Hanna-Barbera), Frajola e Piupiu, Bolota, Fix e Fox, Bolinha, Luluzinha, Os Sobrinhos do Capitão, Gasparzinho e Brasinha.
O QUE FAZÍAMOS EM 1985
1985 foi o ano do primeiro Rock in Rio. Se apresentaram no mesmo festival cantores como James Taylor, Nina Hagen e grupos como AC/DC, Whitesnake e Iron Maiden.
Um dos patrocinadores do evento foi a cerveja Malt 90, que, aliás, não demorou muito para desaparecer do mercado. O Rock in Rio foi assunto de capa da revista Veja, virou especial da Rede Globo e assunto nas rodinhas de conversa juvenis.
Foi pelo Rock in Rio que o Brasil tomou conhecimento dos “metaleiros”, tribo que adorava (e ainda adora!) ouvir bandas de heavy metal como Iron Maiden, Judas Priest, Blcak Sabath, AC/DC, Scorpions e Manowar, entre outras. Em São Paulo, os metaleiros costumavam se reunir na Woodstock Discos e na Grandes Galerias – também conhecida como Galeria do Rock.
Em 1985, o cantor Michael Jackson ainda desfrutava do sucesso do disco Thriller, lançado três anos antes. Em parceria com Lionel Richie, Michael compôs a música We Are The World para ajudar as vítimas da fome na África. Para levar a cabo o projeto, convidaram alguns dos maiores icones da música norte-americana da época: Bob Dylan, Bruce Springteen, Kim Carnes, Cindey Lauper, Tina Turner, Steve Wonder, Kenny Rogers e Bob Dylan, entre outros.
Bruce Springteen ocupava as paradas de sucesso com as músicas Born in USA, Glory Days e Dancing en the Dark.
O grupo Menudo conquistou um mar de adolescentes com hits como Não se Reprima e If You not Here. A menudomania lotou estádios, dominou as rádios e vendeu dezenas de produtos com a marca dos meninos de Porto Rico.
O rock brasileiro vivia um grande momento. Tanto que as músicas hits do verão foram do Óculos (do Paralamas do Sucesso), Inútil (Ultraje a Rigor) e Será (Legião Urbana).
Os filmes que mais bombaram no cinema foram Rambo II – A Missão, O Exterminador do Futuro e Amadeus. Entre os filmes brasileiros, os campeões de bilheteria foram Os Trapalhões no Reino da Fantasia e A Filha dos Trapalhões.
Na TV, Roque Santeiro se transforma numa das novelas de maior sucesso de todos os tempos.
As notícias que mais deram o que falar foram a morte repentina do recém-eleito presidente Tancredo Neves e o terremoto que sacudiu a Cidade do México.
15/10/2009
SAFIRI E OS DESENHOS JAPONESES DA DÉCADA DE 70
A Princesa e o Cavaleiro fez grande sucesso no Brasil nos anos 1970 e início dos 80. Pode-se dizer que é um clássico da animação japonesa. Criado pelo desenhista de mangás e empresário Osamu Tezuka, a Princesa e o Cavaleiro foi publicada em mangá a partír de 1953. Em 1967 foi transformado em anime e vendido para diversas partes do mundo, Brasil inclusive.
A Princesa e o Cavaleiro contava a história da princesa Safiri, impedida de herdar o trono de seu país (o Reino de Prata) por ser menina. As leis determinavam que somente os homens pudessem assumir a coroa. Em sua tentativa de herdar o trono, Safiri assume a identidade de menino, segredo compartilhado por poucos, inclusive seu amigo e “anjo da guarda” Ching. Entre os vilões estavam o Duque Duralumínio e seu atrapalhado auxiliar Naylon.
Osamu Tezuka foi um dos principais responsáveis pela popularização dos mangás, os tradicionais gibis japoneses. Seu primeiro grande sucesso foi Kimba, o Leão Branco (de 1950). A ele, seguiram-se Astro Boy, a Princesa e o Cavaleiro e outros menos conhecidos no Brasil.
As aventuras de Safiri foram transmitidas pela TV Record e TVS. Quase na mesma época, foram exibidos Guzula, Fantomas, Super Dínamo, Kimba, Astro Boy e o mega-sucesso Speed Racer. Já pelo final dos anos 70, a garotada conheceu a versão japonesa de Pinócchio e as histórias de Marco e Heidi.
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