08/09/2017

A MESBLA E A ERA DE OURO DO VAREJO BRASILEIRO


Houve um tempo em que as mega-lojas de departamentos faziam grande sucesso entre o público consumidor. Eram lojas como a Isnard, Eletroradiobraz, Mappin e Mesbla. Essa última possuía uma loja na rua 24 de Maio, no Centro de São Paulo, onde hoje funciona uma unidade do Sesc. A matriz da Mesbla ficava no Rio de Janeiro, mais propriamente na rua do Passeio, no Centro.
A Mesbla surgiu em 1912, no Rio de Janeiro, como filial da empresa francesa Mestre et Blatgé, especializada na venda de máquinas. Sua administração foi entregue a um francês até então residente em Buenos Aires, que em 1939 mudou a razão social e o nome fantasia para Mesbla S. A. (uma combinação das duas primeiras sílabas do nome original).
Ao morrer, em 1961, o francês Louis La Saigne deixou uma empresa com mais de 8 mil funcionários, diversas filiais pelo Brasil e um mix de produtos bastante variado. Seus sucessores levaram os planos de expansão adiante, transformando a Mesbla numa das maiores companhias da história do varejo brasileiro. Nos anos 1980, ela chegou a possuir 180 pontos de vendas. Era possível encontrar filiais – todas de grande porte, cabe aqui salientar – em cidades tão diferentes quanto Fortaleza, Santo André, São Luiz e Campinas.
Antigos funcionários lembram da Mesbla como uma empresa onde era gratificante trabalhar, seja pelos benefícios trabalhistas, seja pelas chances de ascensão profissional.
A expansão da Mesbla durou até o início da década de 1990, quando o acúmulo de dívidas começou a prejudicar a empresa. A essa altura, a Mesbla possuía lojas especializadas em veículos e náutica. A Mesbla Náutica, na avenida do Estado, em São Paulo, chamava a atenção de quem por lá passava.
Outro percalço na trajetória da empresa foi o aumento da concorrência, principalmente dos cada vez mais populares hipermercados. A Mesbla mudou suas estratégias, criou marcas exclusivas, contratou executivos e teve que fazer um mega-enxugamento de suas estruturas, mas não adiantou.
O golpe fatal ocorreu no final dos ano 90, quando a Mesbla foi comprada pelo excêntrico empresário Ricardo Mansur. Meses antes, ele tinha adquirido o paulistano Mappin e pensava em promover uma fusão de ambas as empresas, mas... As dívidas tinham se tornado insustentáveis. Mansur tentou obter empréstimos públicos, mas sem sucesso.
A Mesbla e o Mappin fecharam as portas praticamente ao mesmo tempo. Acabava assim uma era de outro do varejo brasileiro, que ainda hoje enche de nostalgia o público que frequentava os outrora elegantes centros do Rio de Janeiro e São Paulo.

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